terça-feira, 30 de junho de 2015

Postais antigos alentejanos

Minas de S. Domingos

Moura

Moura

Odemira

Serpa

Sines
O colecionismo tem destas coisas: volta e meia damos com objetos que nos transportam a outros tempos nos quais gerações já sepultadas viveram e que, com o seu esforço, contribuiram para o que somos hoje...

" Conta-me o teu passado e saberei o teu futuro"  (Confúcio).

Assim, partilhamos convosco alguns postais antigos alentejanos, disponibilizados na Internet...

segunda-feira, 29 de junho de 2015

Mértola, a vila Portuguesa mais Islâmica...










Mértola, a vila portuguesa mais islâmica, é onde encontramos o maior número de vestígios dos nossos antepassados árabes. 
A Mírtilis romana, Mirtolah árabe ou a portuguesa Mértola, a dominar o rio Guadiana, possui um enorme interesse histórico. As suas origens remontam ao tempo dos fenícios, os quais criaram um importante porto comercial, mais tarde aproveitado pelos romanos e os árabes. Os seus muitos tesouros podem ser admirados no Núcleo Romano, no Núcleo Visigótico e no Núcleo Islâmico.
Ao chegarmos a Mértola, a vila museu, ficamos encantados pelo nosso passado árabe. A Igreja Matriz, de estilo árabe, é o monumento mais interessante devido à sua arquitectura invulgar, pois trata-se de uma antiga mesquita! 
Esta vila encantadora, de casario branco, é como um museu vivo, com os vestígios de diferentes períodos exibidos em áreas distintas. 
A importância do domínio árabe está visível no recente Museu Islâmico, o maior da Europa a exibir exclusivamente peças de arte islâmica.
“Portugal” muçulmano entre Santarém e o Sul do território (séculos XII-XIII). Para o caso do actual concelho de Cascais, note-se o topónimo Al-Qibdāq, ou seja, Alcabideche. 

Mapa: adaptado de A. H. de Oliveira Marques e João José Alves Dias, Atlas Histórico de Portugal e do Ultramar Português, Lisboa, Centro de Estudos Históricos, 2003, p. 60.

domingo, 28 de junho de 2015

Joaquina da Terra

A Joaquina é um bicho-da-conta. Toda enroladinha, os queixos a baterem no peito, as costas curvadas numa curva perfeita, tão redondinha a Joaquina que se não fossem os solavancos de uma perna com que manca ligeiramente, aventurando-se pelas ruas não calcetadas da Terra, quase se podia dizer que ia ali a passar uma lua cheia vestida de luto.
  Os gaiatos fogem da Joaquina. Mal a vêem vir dos fundos da aldeia, do terreiro seco ao pé do poço da estrada, mesmo ao rés da escola primária, até batem com os calcanhares no cu, correndo, correndo, bradando aos outros que vão vendo pelo caminho: "Foge, foge que aí vem a Jaquinita, a bruxa da cara bonita!"

  É que essa é que é a verdade: o raio da velha tem uma cara limpa e sadia, uma testa quase lisa, ornamentada com uns olhos azuis de água, de criança. Seguramente não de velha. Dizem os gaiatos que ela os roubou a uma princesa moura que passeava numa mula a colher estevas para se enfeitar e ficou com eles para ela atirando a princesa e a mula para dentro do poço ao pé da sua casa. Não há nada que os gaiatos não inventem na ânsia de explicarem o inexplicável através de cabecitas tão pequenas que ainda estão no tempo em que os animais falam e as fadas passeiam nos quintais.

  Pois a Joaquina lá vai, de manhã tão cedo que nem bem luz há. Atravessa a aldeia pelo lado das hortas. Não quer ver ninguém senão a sombra dos pastores ao fundo ou o vestígio de cor apagada de uma bata de trazer por casa de uma ou outra mulher mais madrugadora que tenha saído rapidamente para ver a cor do dia. Segue pelos frajais, rente aos muros quando os há e lá se vai arrastando como pode, vencendo a pé a língua de terreno, pedras e torrões que liga a aldeia ao cemitério. 

  Lá chegada, pára e encosta a palma da mão ao portão. Hesita sempre um ou dois segundos, imbuída do espírito de santuário que parece emanar dos contornos de ferro e ferrugem daquele portal para o outro lado da vida. Ao passá-lo, dirige-se sempre ao mesmo local, agacha-se e ajoelha-se com tanta dificuldade que quase se ouve o ranger dos ossos e das vértebras a dobrarem-se, a atingirem o solo.

  A cabeça descai ainda mais para o peito. A mulher transforma-se num vulto escuro e é difícil distinguir-lhe por baixo do lenço, vestido, meias, xaile, tudo negro, os limites do seu corpo humano. É antes uma mulher-embrião, morta em vida, em oração profunda, estática como o márnore das campas à sua frente.

  Só que dentro deste casulo de mulher há um mundo de imagens, de sons, de cores, de coisas vividas num tempo que já não há. Vê-se a si mesma, a Joaquina pequena, pequenina, filha única e adorada nos braços quentes da sua mãe, a Ti Bárbara. Ouve nos seus ouvidos já moucos as cantigas que a voz materna enchia de mel:


                                        Sossega agora minha Joaquina
                                        Faz na mãe o teu soninho
                                        Meu doce, minha menina
                                        Cheiro de cravos e rosmaninho.

  Sente o embalo dos braços da mãe nos seus. Nem sabe quando foi que saíu deles para embalar ela mesma o berço do seu menino. Traz ainda nos seios o calor do hálito do filho, sente-lhe a forma da boca encostada contra o seu peito. Aperta o seu corpinho despido de encontro ao seu, sente-lhe o odor universal de bebé, de menino da sua mãe. Na sua cabeça sussurra-lhe palavras meigas, cantigas, histórias, orações, bençãos. Cura-lhe todas as dores com um sopro leve na nuca, com o sinal da cruz na testa. 

  É mãe sozinha, o pai nunca esteve. As comadres da Terra diziam à boca fechada que fugiu enfeitiçado por uma da Aldeia Nova, que andava arranjada com uma virtuosa. "Que fosse!" disse a Joaquina. O mundo todo estava na Terra, nos olhos do seu menino.

  Só que o vento que embalava o berço, que seca os lençóis no varal, que nos empurra para que andemos, também sopra de atravesso, vira as cabeças, consome os homens, os meninos.
  Nos olhos de água da Joaquina refulgem os raios impossíveis do sol que brilhava intenso, devastador, no telhado da casa, sobre a chaminé branca de onde pendia a corda, de onde se via o seu menino pendurado pelo pescocito. Nem homem era, nem dera tempo de o ser o maldito vento!

  Nesse dia encurvou-se a Joaquina. Não mais olhou para cima. Poucos podem dizer, depois desse dia, que lhe viram a água dos olhos ou o rosto limpo. Enrolou-se, desprendendo-se dos ossos, caíu sobre o chão e deixou-se estar.

  Vai e vem como um pêndulo, antes que o dia seja dia, todos os dias (do resto) da sua vida na Terra até ao jardim sombrio e ventoso onde repousa agora o seu menino. Volta antes que dêm por ela. Os gaiatos já estão dentro da sala de aula, poucos notam a sua passagem. Silenciosa como a madrugada, sozinha como a vastidão da planície que a fez, segue pela estrada. Arrasta a perna, avança, força-se a andar para a frente. Porque na Terra não há caminho senão esse.
Texto copiado do blog da nossa comadre Ana Terra, http://aterradaana.blogspot.pt/
Aguarela retirada do blog  http://paula-travelho.blogs.sapo.pt/

sábado, 27 de junho de 2015

Santiago do Escoural (By Maria Dulce Caiola)












Em 03MAR15, o Projeto Alcáçovas Outdoor Trails organizou mais uma caminhada gratuita na Serra de Monfurado, junto a Santiago do Escoural.
Estas fotos são da autoria da nossa comadre Maria Dulce Caiola, que veio de Évora para participar nesta caminhada...

sexta-feira, 26 de junho de 2015

Convento de Nª Sra da Esperança, contributos para a sua história.


Na freguesia de Alcáçovas, na sua cota mais alta encontra-se o Convento de Nossa Senhora da Esperança, que dista pouco mais de 2 km da localidade.
É sobre esse cenóbio que incide o presente estudo, que se posiciona cronologicamente a partir de 1541, ano em que a ermida e o conjunto primacial aí existente passaram para a posse da Ordem Dominicana.
As terras foram doadas pelo donatário da Vila de Alcáçovas, D. Fernando Henrique, a uma comunidade de religiosos que nunca terá ultrapassado os 12 indivíduos e que nos anos iniciais prestaram devoção à Senhora da Graça.
O culto e devoção à Senhora da Esperança só surgirão 15 anos mais tarde, com a entrada do religioso Frei José Bezerra no Convento, sendo este religioso um dos que a mando de D. João III (o Piedoso), veio de Castela para reformar a Província Dominicana em Portugal. Apesar das doações feitas a esta comunidade pelo 3º Senhor da Vila de Alcáçovas, a vida destes religiosos no alto da serra nem sempre terá sido fácil, no entanto a evolução do culto à Senhora da Esperança prestado pelas comunidades vizinhas como Évora, Montemor-o-Novo, Viana do Alentejo, Alcáçovas, São Cristóvão, Torrão e outras, irá obter uma enorme projecção ao nível das romarias que passados mais de 459 anos ainda se verificam, embora com menor influência, mas o suficiente para que o culto romeiro e as constantes visitas à Senhora da Esperança ainda persistam.
Propriedade particular desde o séc. XVIII, o Convento não possui qualquer tipo de classificação ou protecção legal no que respeita à Lei 107/2001, que estabelece as bases da política e do regime de protecção e valorização do património cultural.
Este trabalho surgiu no seguimento de uma investigação que iria culminar no meu trabalho final de licenciatura em História, ramo Património Cultural no ano de 2008, tendo como base um manuscrito do século XVII.
Este documento está actualmente na posse da Junta de Freguesia de Alcáçovas e é o único documento encontrado, até à data, que fornece informações com algum detalhe sobre as vivências dos dominicanos no Convento da Senhora da Esperança, entre os séculos XVI e XVIII.


E é com muito prazer que aqui faço a divulgação deste livro, da autoria do nosso compadre e amigo Nuno Grave.
O Nuno Grave participa activamente neste blog e é um dos mais importantes dinamizadores do Projeto Alcáçovas Outdoor Trails. Nascido e criado em Alcáçovas, conhece muito bem a história da nossa vila e as suas personagens do passado, sendo normalmente o guia principal nos passeios culturais que o nosso Projeto organiza em Alcáçovas, Viana do Alentejo ou Aguiar...


quinta-feira, 25 de junho de 2015

Safira 2015




Vai realizar-se no dia 4 de Julho o Festival Safira' 15.
Safira é uma aldeia abandonada nos arredores do Montemor-o-Novo.
As entradas são livres, mediante inscrição prévia...
Estes desenhos são da autoria do nosso compadre Luis Ançã e foram feitos durante os anteriores Festivais, em 2012, 2013 e 2014...


Link para o site do Festival Safira'15 : http://safirafestival.com/

quarta-feira, 24 de junho de 2015

1º Encontro Coleccionista da vila de Alcáçovas







Realizou-se no passado sábado 20JUN15, o 1º Encontro Coleccionista da vila de Alcáçovas.
Organizado pela Associação dos Amigos das Alcáçovas e com cerca de 50 participantes, aqui trocaram-se sobretudo pacotes de açúcar, mas também canetas, lápis, fitas porta-chaves, pins, calendários e selos, entre outras colecções...
Inserido no Programa da XVIII Semana Cultural de Alcáçovas, este evento teve o apoio da Junta de Freguesia de Alcáçovas e da Câmara Municipal de Viana do Alentejo.
Por curiosidade, o nosso mais novo participante tinha apenas 9 anos...
Assim se começa com o "bichinho" das colecções. Como se costuma dizer: " De pequenino se torce o pepino..."

Dark Sky em Barrancos (By Gonçalo Lemos)

No verão do ano passado, voltei a uma zona que, continuo a dizer, possui dos céus mais escuros no nosso País: a zona de Barrancos na margem esquerda do Guadiana. Fiquei alguns dias no Parque de Natureza de Noudar, onde o céu é fantástico e onde a Via Láctea domina o céu nocturno. Estou habituado a identificar todas as constelações no céu mas com tanta estrela tornava-se difícil distinguir até as mais comuns. Desloquei-me até ao Castelo de Noudar para o usar como 1º plano enquanto fotografava a Via Láctea. A iluminação foi feita com vários flashes. Esta é uma imagem panorâmica obtida a partir de 7 imagens verticais.
O céu de Barrancos faz parte da reserva Dark Sky Alqueva desde Dezembro de 2011 e possui dos céus mais escuros que já vi em Portugal. Apenas como nota de rodapé, estive uns dias depois na Dark Sky Party em Monsaraz, onde o céu era absolutamente decepcionante. A poluição luminosa era tal que usando os mesmos parâmetros que usei em Barrancos, a imagem mostrava um laranja dominante, originado pelas lâmpadas de sódio de alta pressão da iluminação pública. Não basta ser reserva Dark Sky. É necessário igualmente preservar o céu e procurar maneiras de reduzir ao máximo a poluição luminosa. Talvez neste site encontrem algumas dicas.

                                                                                                   - Gonçalo Lemos

Copiado do blog do nosso compadre Gonçalo Lemos, http://goncalolemos.blogspot.pt/

terça-feira, 23 de junho de 2015

Chocalhofone...




E cá estão umas fotos do nosso Chocalhofone, construído em Alcáçovas e único no Mundo !...
No passado Domingo, 21JUN15, a Igreja Matriz de Alcáçovas foi palco do concerto inaugural.









Realizou-se dia 21 de junho, no âmbito da Semana Cultural de Alcáçovas, 
na Igreja Matriz, pelas 16h00, um concerto de apoio da candidatura da arte 
chocalheira à Unesco/ com estreia de Chocalhofone Alentejano, pela 
Orquestra Sinfónica Juvenil, sob a direção do maestro Christopher Bochmann.
A Orquestra Sinfónica Juvenil criada em 1973 é a única orquestra de jovens de funcionamento permanente no nosso país, desempenhando um papel fulcral 

na formação de jovens músicos numa perspetiva de profissionalização.
Neste concerto com várias obras diferentes de compositores como Elgar, Brahms e Bruckner, terá estreia a nível nacional a obra “Pastorale”, da autoria de Christopher Bochmann que irá utilizar como instrumento musical o “Chocalhofone”, composto por chocalhos modelo “picadeira”.
Este concerto pretende promover a candidatura da arte chocalheira a Património Cultural Imaterial com Necessidade de Salvaguarda Urgente, cuja decisão será conhecida no final do ano.
O Concerto é da responsabilidade do Município de Viana do Alentejo, da Junta de Freguesia de Alcáçovas e da Orquestra Sinfónica Juvenil, conta com a colaboração do maestro Christopher Bochmann e de Paulo Lima, coordenador da candidatura da arte chocalheira a Património Cultural Imaterial com Necessidade de Salvaguarda Urgente, o apoio da Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo e o patrocínio da empresa Chocalhos Pardalinho, de Alcáçovas.


- Texto e fotos retiradas da página do Facebook do Municipio de Viana do Alentejo.