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domingo, 31 de agosto de 2014

Pelas ruas da amargura...







Vagueando nestas ruas antigas, caminho absorto, lembrando-me vagamente de pessoas que conheci há muitos anos e tento-me recordar de seus nomes, mas é-me dificil ao fim de tanto tempo...
Com o decréscimo de natalidade e com a imigração, todo o interior de Portugal se despovoou.
Ficaram as ruas mais desertas, sem gentes para as percorrerem.
Já não há bandos de gaiatos a jogarem "á apanhada", já não há velhotas vestidas de negro-luto a espreitarem pelas nesgas das janelas e os vendedores, com os seus pregões, deixaram de se ouvir. As casas ficaram desocupadas e as andorinhas e os pardais fazem nelas os ninhos, á confiança, com a certeza de não serem incomodados.
E a cal que as branqueava começou a descaliçar, camada após camada, até que a taipa e o tijolo-burro das paredes se tornaram visiveis.
Assim nostálgico, vou tirando fotos ás portas, onde, calculo, tantas gerações passaram ao longo dos anos. Esta é a minha forma de prestar homenagem áqueles que ali viveram e, quem sabe, poder atrair visitantes a estas pequenas aldeias e vilas.
Cada visitante é um pequeno contributo, uma gota de água num oceano, mas como diziam os antigos: "Grão a grão enche a galinha o papo..."
O interior de Portugal tem perfeitas condições para se encher novamente de gente, pessoas que contribuirão inevitávelmente para o rejuvenescimento destas terras...  
   

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