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sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Moinho do Bigorrilhas






























Património Rural ou mesmo verdadeiras relíquias de engenharia mecânica popular os moinhos de água são engenhos accionados pela força motriz da água. Estas construções localizavam-se nas margens de rios ou ribeiras cujo o caudal era quase permanente, mantendo assim o moinho em movimento praticamente todo o ano. Para ser um bom moinho, havia que preencher alguns requisitos, como moer todo o ano, possuir duas ou mais mós, uma para milho e as restantes para trigo e cevada. A água era conduzida ao moinho, através de açudes e levadas. Estas tinha que estar muito bem conservadas de forma a resistirem às cheias e enxurradas. 
Os moinhos de água, uns mais tarde outros mais cedo, a partir dos anos 60, 70 do século passado, começaram a ficar inactivos com o surgimento das moagens industriais, accionadas a electricidade ou a motores de combustão, factos que irão contribuir para o desaparecimento de mais uma profissão, o de moleiro. Hoje restam apenas ruínas das estruturas e algumas histórias e testemunhos orais das vivências de outros tempos.
O moinho do Bigorrilhas, nas margens da ribeira de Alcáçovas é testemunho disso mesmo, tendo sido o último, de alguns moinhos existentes nas margens da ribeira a ser desactivado no ano de 1970. O meu pai com 15 anos ainda foi lá buscar alqueires de farinha. Iam lá levar o trigo e depois distribuíam pelas pessoas. O ti Bigorrilhas vivia lá mesmo com a sua mulher era a Sra. Umblina. Era o mais pequeno dos irmãos, mas era considerado o mais valente. O irmão deste era o Ti Tanissa, que era mais alto, era também proprietário de um moinho junto à ribeira de Alcáçovas. Estes moinhos já vinham dos antepassados deles.
1 Alqueire de farinha (10 kg) dava para 6/7 pães caseiros que eram pães com mais de 1 kg cada um. A minha avó amassava 1 alqueire de farinha, com o fermento que ficava de uma semana para a outra. Ficava uma bola de uma semana para a outra. Amassava-se de semana a semana. O pão cozido dava para a semana toda.
A Ribeira de Alcáçovas representou sem dúvida durante muitos anos um factor de desenvolvimento económico e social para a vila de Alcáçovas. Através da ribeira e o funcionamento dos moinhos representavam o sustento de grande parte da população da vila. Na altura, os patrões mandavam o trigo e milho para os moinhos para depois distribuírem pelas pessoas que para eles trabalhavam. 

Testemunho oral de Joaquim Grave e Ana Arsénia Fava Caipira – 11/4/2009.
Testemunho oral de Celestino d’Ascenção Caeiro – 23/5/2009. 

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