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domingo, 29 de novembro de 2015

Castelo de Serpa









Não é fácil, segundo os entendidos, concluir-se quando terá sido construído o primeiro Castelo de Serpa. A povoação, segundo se crê pelas descobertas arqueológicas que se tem vido a fazer, remonta a muitíssimos anos antes da conquista do Castelo pelos Portugueses.
De formato quadrilátero o Castelo Velho, situa-se do lado nordeste, junto à primeira cintura de muralhas. A Torre de Menagem é o seu ponto mais alto, logo seguido da Torre do Relógio, que em tempos foi parte do Castelo.
O dado histórico que conhecemos acerca da “Vila” de Serpa tem início na sua primeira conquista aos Mouros, por D. Afonso Henriques, em 1158 com a ajuda dos Cruzados.
Várias vezes perdida para os Mouros e outras tantas conquistadas, passa para a Coroa Portuguesa em 1232, no Reinado de D. Sancho II que concedeu o senhorio de Serpa a D. Fernando, seu irmão que nela viveu e que veio a ser conhecido pelo Infante de Serpa.
Após algumas atitudes contra a igreja D. Fernando foi excomungado pelo Papa Gregório IX.
Após o casamento de D. Fernando com Dª. Sancha Fernandez de Lara, filha de um Conde de Castela, ali ficou por aquelas terras, (Castela) nada se sabendo mais, acerca da sua vida.
Mais tarde com a suposta morte de D. Fernando passa a Vila de Serpa, para a posse da Coroa Portuguesa.
Até ao Séc. XIII, nas várias disputas havidas com Castela perdeu Portugal, as terras de aquém Guadiana, incluindo Serpa.
Em Maio de 1253, Afonso X de Castela inclui Serpa no dote de sua filha Beatriz , por ocasião do casamento desta, com Afonso III de Portugal, com a cláusula de que a posse definitiva só teria lugar quando o primeiro filho do casal completasse 7 anos.
Cláusula que não cumpriu. (!)
Foi já no reinado de D. Diniz, em 6 Setembro de 1295, que foi acordada a entrega definitiva da Vila e seu Termo ao Rei de Portugal.
Serpa, foi sempre um ponto de cobiça dos nossos vizinhos, Castelhanos, mais tarde Espanhóis,* tanto pela sua situação geográfica como por ser uma referência na Organização Militar do país. Não obstante as constantes razias que as terras deste Concelho sofreram ao longo da sua História, quer nas investidas da moirama, quer no período da Restauração, ou ainda, durante as invasões francesas, aquela que se tornou mais brutal, foi a perpetrada pelo Duque de Ossuna, durante a guerra de sucessão espanhola (1702/1712).
Durante o conflito, mais propriamente em 26 de Maio de 1707, o Duque de Ossuna assaltou e tomou pela força, após meses de resistência dos Portugueses, o castelo da Vila de Serpa. Um ano depois em 1708, quis a sorte que as tropas espanholas fossem obrigadas a retirar-se desta vila, contudo, não o fizeram sem causarem nas suas muralhas enormes danos. Testemunhos? Os grandes torreões rochosos, mesmo à entrada do Castelo que ainda subsistem, sendo um testemunho maior dos factos que então ocorreram.  Também uma das portas da muralha, a Porta de Sevilha foi destruída pelo Duque se Ossuna, na sua retirada da praça de Serpa, estas mantiveram-se até 1780, altura em que ruíram, parte dos torreões que a defendiam, até que, em 1871, caindo novo fragmento, foi deliberado apear o que restava da antiga muralha por se considerar um perigo para a saúde pública. Frente à Porta de Sevilha e na direcção da Rua da Fonte do Ortezim, a antigamente denominada de Rua Larga, tomou para si a designação de Rua das Portas de Sevilha, perpetuando assim a porta desaparecida.
O Castelo de Serpa foi classificado como Monumento Nacional por decreto de 30 de Janeiro de 1954.(* abro aqui um parêntesis para recordar que o país nosso vizinho só passou a designar-se por Espanha, após a unificação dos vários reinos que a compõem a saber: Astúrias, Leão, Castela, Galiza, Navarra e Aragão é portanto como país bem mais recente que Portugal)
As Muralhas de Serpa sofreram ao longo dos tempos atentados de destruição como pode ser confirmado em documentos existentes no Tombo da Câmara, como nos diz João Cabral, no seu livro “Arquivos de Serpa” e que cito: «Por proposta do vereador José Ricardo Cortez de Lobão foi pedida, superiormente, em 7 de Fevereiro de 1863, a demolição das muralhas que em grande parte ameaçam ruína» mais adiante refere ainda: «Também o Dr. António Joaquim Bentes, em 23 de Janeiro de 1864, na qualidade de presidente do Município, propôs e foi aprovado que "se peça ao Governador de Sua Majestade e concessão do forte denominado Castelo Velho e bem assim para poder destruir as muralhas que circundam parte da vila por se considerarem contrárias à saúde pública”» e ainda «Precisamente um ano depois o presidente lê dois requerimentos pedindo as mesmas demolições, o que se repetiu em Julho de 1877».
Numa outra página do mesmo livro afirma ainda João Cabral: «Em 1 de Fevereiro de 1917 foi deliberado demolir a parte da muralha, que estava em ruínas, à Porta de Moura». Sabe-se ainda que em meados do séc. passado foram as muralhas levadas a hasta pública para arrematação e posterior demolição, o que felizmente não se concretizou por falta de licitadores. Já nas últimas décadas do séc. xx sofreram as muralhas (ou parte delas) os trabalhos de restauro que se impunha, devolvendo aos vindouros a possibilidade de apreciar a sua beleza e magnitude.

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