Para se conhecer bem o Alentejo é preciso visitá-lo em todas as
estações. A paisagem muda muito ao longo do ano e são sazonais as
actividades rurais mais interessantes que podem observar-se.
Tal como muda a paisagem, muda a sua flora e a sua fauna e esta mudança é como bálsamo para a alma.
Visite o Alentejo e deixe-se inebriar pelos perfumes da natureza num
Alentejo que tem mais para oferecer do que o dourado das searas.
Descubra toda a paleta de cores e aromas de que é feito o Alentejo.
Caminhe a pé pelo verde das Serras d’ Ossa e Monfurado, Portel ou
Grândola, onde vivem em sossego variadas espécies de flora e fauna e
aprecie as vistas.
Explore o Parque Natural da Serra de S. Mamede
onde têm encontro marcado as paisagens que caracterizam o sul e o norte
de Portugal. Raposas, águias, as razões são inúmeras para conhecer os
segredos da Serra que apresenta o ponto mais alto a sul do Tejo. Entre
campos de cereais e pousios, nas estepes sem fim, esconde-se avifauna
riquíssima.
Dirija-se a Castro Verde e percorra cicuitos ambientais
que o iniciam no mundo da observação de aves que são verdadeiros
prodígios da natureza e aprecia o Campo da Terras Brancas no seu melhor.
As planícies de Castro Verde, que se enchem de milhares de flores
brancas durante a Primavera, proporcionam excelentes hipóteses de
passeios a pé ou de bicicleta, nos quais se pode apreciar a fauna e a
flora típicas das estepes cerealíferas alentejanas. É este vasto espaço
aberto que as cegonhas brancas escolheram para fazer os seus ninhos.
Também as abetardas, os falcões peregrinos e os grifos preferem a
solidão da planície dourada.
A margem esquerda do Guadiana é uma das
regiões mais bem conservadas do nosso país do ponto de vista dos
habitats naturais e de maior importância para a fauna. A região
compreendida entre Mourão, Moura e Barrancos é composta por paisagens
distintas e essenciais para a conservação da avifauna, e como tal
considerada como merecedora de conservação ao nível comunitário pelas
suas características, daí justificar-se a sua classificação como ZPE
(Zona de Protecção Especial para as Aves). Uma parte muito relevante das
espécies ameaçadas no nosso país encontra abrigo na diversidade de
habitats da região, que inclui estepes cerealíferas de sequeiro,
montados de azinho, formações florestais densas e vales de ribeiras
torrenciais revestidos de matagais densos e vegetação ripícola.
No
Alentejo, o montado apresenta grandes extensões de azinheiras e de
sobreiros, os chamados montados de azinho e sobro, e pequenas áreas de
carvalho negral. De toda a flora do montado, o sobreiro é a espécie mais
abundante. Considerado património nacional, o montado de sobro é
protegido por lei (Decreto-lei nº 169/2001), sendo proibido o seu abate.
Contudo, a sua plantação é incentivada, uma vez que a exploração da
cortiça (proveniente do sobreiro), essencialmente para o fabrico de
rolhas, transformou-se numa indústria de enorme importância económica.
Por outro lado, estes ecossistemas são propícios para a agricultura,
que é praticada de forma sustentável nalgumas áreas de montado e tem uma
grande importância a nível ecológico e económico, sendo um exemplo de
sustentabilidade ambiental.
A flora do litoral alentejano é
caracterizada pelo cruzamento de influências Norte Atlânticas,
Mediterrânicas e Africanas, de que resultam condições ecológicas
singulares e uma enorme diversidade de fauna e flora, o que confere uma
enorme riqueza natural à região.
Texto da autoria da nossa comadre Ana Maria Saraiva.