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quinta-feira, 26 de julho de 2018

Tempos de Contrabando...







O contrabando marca o património e a memória do povo raiano. O Alentejo não é exceção.
Muitos são os relatos e testemunhos de quem praticou o contrabando; muitas histórias do contrabando “alimentaram-se” da heroicidade dos seus protagonistas e, por isso, foram celebradas pelo imaginário popular, por poetas, escritores, lendas, efabulação e até alguns artigos, investigações e intenções políticas locais…
Documentos antigos confirmam a existência secular do contrabando, passagem clandestina de bens e mercadorias entre dois países, para evitar o pagamento de taxas alfandegárias, mas foi entre 1935 e 1960, nas zonas fronteiriças de Campo Maior, Elvas, Sobral da Adiça e Santana de Cambas que o contrabando irrompeu em larga escala.
A MISÉRIA
A pobreza e o desemprego que afligiam portugueses e espanhóis foram decisivos para o envolvimento de multidões de desfavorecidos no contrabando. Foi a miséria no Alentejo e a Guerra Civil espanhola que despoletaram um intenso vaivém dos dois lados da fronteira, em busca da sobrevivência. Café e ovos eram algumas das mercadorias levadas para Espanha enquanto a bombazina era trazida para Portugal. Indivíduos de todas as idades contrabandeavam para sobreviverem.
A GUARDA
A Guarda-Fiscal e os carabineiros eram a outra face da mesma moeda. Procedendo a constantes perseguições, prisões e até a mortes, zelavam para que os Estados taxassem as mercadorias. Mas sem o transporte ilegal de bens teriam a profissão ameaçada. Uns não existiam sem os outros… por isso, também se testemunharam atuações mais humanas por parte de alguns elementos policiais. Até houve contrabandistas que viraram guardas… e guardas que se tornaram contrabandistas!
OS RISCOS
Contrabandear significava correr grandes riscos. O afogamento, na travessia de rios e ribeiras, durante o transporte nocturno em noites e madrugadas invernosas de chuva e frio, aconteceu. Também havia o risco de ser preso. E havia os tiros, por vezes certeiros. E havia a traição dos ameseiros, os denunciantes.
Os riscos corridos eram o preço do desespero; mas também da audácia.
A AUDÁCIA
A audácia, a ousadia foi, sem dúvida, o motor fundamental do contrabando. Muitos arriscaram-se sozinhos, a maioria organizou-se em grupos. A organização do contrabando passava por pactos de segredo e solidariedade que contribuíam para desenvolver localmente com comércios e estatutos sociais.
Fonte: http://itinerante.pt/os-cinco-pilares-do-contrabando-no-al…/
Pela criação de algum património e pelo seu papel, muitas vezes de subsistência, na mitigação da fome , que nas primeiras décadas do Sec. XX grassava no Alentejo, é da mais elementar justiça que aqui se recorde aqui esses tempos...


Texto copiado do grupo do Facebook: 
https://www.facebook.com/groups/imagensdoalentejo/permalink/10156674373105757/

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