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quinta-feira, 9 de julho de 2020

Qubbas, Morábitos, Suffis e Almorávidas













Qubbas, Morábitos, Sufis e Almorávidas
A associação das Qubbas a Morábitos, Almorávidas e Sufis levou alguns autores a apontarem a origem das Qubbas para os séculos XI - XII. Observando a quantidade de Qubbas e a variedade das suas funções reforçamos a nossa convicção de que estas sejam mais antigas.
O crescimento do Islão baseou-se nos Ribat e nas Zawiyya, que encontramos em Portugal nos topónimos Arrábida e Azóia.
O Ribat seria um espaço fortificado com uma guarnição de monges-guerreiros, os Murabitum. Outros al’Murabitum seriam os Almorávidas, também monges-guerreiros, que dominaram o al’Andalus no século XI. Pensamos que estes Morábitos, estes monges-guerreiros, teriam pouco a ver com as Qubbas.
A Zawiyya seria uma escola religiosa que no mundo ocidental chamamos de Madrasa. Aqui encontramos uma primeira função para as Qubbas, várias Qubbas podem ter sido Zawiyya, como nos demonstram exemplos similares no Magreb.
As Qubbas também podem ter tido uma função ascética, de local de residência de um Homem Santo do Islão, de novo o Murabitum e daí as Qubbas serem chamadas de Morábitos. 

Encontramos aqui a função mais consensual para as nossas Qubbas. Esta procura do caminho interior ou Tasawwuf que ficou conhecida no mundo ocidental como Sufismo. No al’Andalus o Sufismo teve um grande desenvolvimento no século XII.
Estes Morábitos estão associados a lugares altos, à presença de água, a bosques e árvores sagradas. Têm uma festa anual que ainda acontece nos nossos dias, no Magreb com o Islamismo e no Alentejo com o Cristianismo . 

Será um ritual que antecede o Sufismo, antecede mesmo as religiões monoteístas. A antiguidade deste ritual, o seu enraizamento na Identidade Cultural, pode ter sido uma das razões da sobrevivência das Qubbas.
Os Murabitum eram sepultados nas Qubbas, como possuíam Baraka, a bênção que emana dos objectos sagrados, acabaram por nascer várias necrópoles em redor das Qubbas.
Damos como exemplo a Ermida de N. Sra. das Neves no Alandroal. O Arqueólogo Luís Pinto escavou uma necrópole islâmica em Silves onde encontrou o túmulo de um Murabitum, infelizmente não foi possível identificar a Qubba. (informação do próprio).
Por um lado temos necrópoles que nasceram em redor de Qubbas, um ritual que continuou com o Cristianismo. Por outro lado uma das prováveis funções das Qubbas terá sido a de sacralizar um local com vestígios anteriores ao Islamismo. Em povoados pré-históricos, Villas romanas e respectivas necrópoles encontramos Qubbas.

Isto acontece também nos dólmens da cultura do megalitismo, temos o exemplo da Anta-Capela de N. Sra. do Livramento em S. Brissos, Montemor-o-Novo.
Texto e fotos da autoria do nosso compadre Luís Lobato de Faria.
https://alentejoinportugal.blogspot.com/

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