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sábado, 9 de setembro de 2023

Monte do Sobral






 A 9 de Setembro de 1973, um grupo de 136 jovens militares reuniu-se no Monte do Sobral, em Alcáçova. Do encontro secreto viria a nascer o Movimento dos Capitães, crucial para a Revolução do 25 de Abril de 1974. 50 anos depois, a efeméride será assinalada, com música, lançamentos de paraquedistas e muito mais. 

A evocação, que acontecerá no Monte do Sobral, no concelho de Viana do Alentejo, marca uma nova fase nas comemorações do cinquentenário da Revolução.

«Iniciamos agora uma nova fase nas comemorações dos 50 anos do 25 de Abril. A partir de 9 de Setembro – o dia em que, há 50 anos, 136 jovens militares se reuniram clandestinamente e fundaram o Movimento dos Capitães – vamos destacar, em vários momentos, o papel central que os Capitães de Abril desempenharam no caminho que levou ao derrube da ditadura», diz Maria Inácio Rezola, comissária executiva das comemorações.

«Esta é uma etapa fundamental na passagem de testemunho sobre a luta contra a ditadura e a construção da democracia que pretendemos levar a cabo sobretudo junto das novas gerações», acrescenta.

A reunião realizada a 9 de Setembro no Monte do Sobral assinala simbolicamente o início da conspiração e o nascimento do Movimento dos Capitães.

Há 50 anos, para evitar suspeitas, o evento foi preparado ao pormenor sob a capa de uma  confraternização pelos jovens capitães  Diniz de Almeida, Vasco Lourenço, Rosário Simões, Carlos Camilo e Bicho Beatriz.

O objetivo prioritário do então designado Encontro de Évora era preparar um ato de repúdio que obrigasse o Governo a rever dois diplomas promulgados nesse Verão, na tentativa de minimizar o problema da falta de oficiais nas frentes de combate em África.

O primeiro, de 13 de Julho (Decreto-Lei 353/73), permitia que a formação da Academia Militar fosse substituída por um curso intensivo de dois semestres, encurtando um processo que até então demorava quatro anos.

O segundo, de 20 de Agosto (Decreto-Lei 409/73), em resposta aos primeiros sinais de contestação, solucionava o problema da ultrapassagem dos oficiais superiores (majores), mas mantinha a injustiça relativamente aos capitães e subalternos do quadro permanente. Ao invés de acabar com a contestação, o diploma retificativo contribuiu para a adensar.

No Monte do Sobral, decorreu um acalorado debate. Discutiram-se os problemas da classe e as consequências da aplicação da nova legislação.

Os presentes decidiram-se pelo envio, ao presidente do Conselho Marcelo Caetano, de um abaixo-assinado pedindo a revogação dos polémicos decretos-lei e ressaltando a questão do prestígio das Forças Armadas.

O documento integrou as assinaturas dos 136 oficiais presentes, juntando-se a 51 que prestavam serviço na Guiné. Posto a circular, recolheu ainda o apoio de cerca de três centenas de oficiais em serviço na Metrópole, 97 a prestar serviço em Angola e 105 a prestar serviço em Moçambique.

Em paralelo, os organizadores do encontro ficaram responsáveis por constituir a primeira comissão do Movimento que, depois de oito meses de intensa atividade conspirativa, a 25 de Abril do ano seguinte, poria fim a 48 anos de ditadura.

A cerimónia deste sábado tem início às 11h30, no Monte do Sobral, com quatro lançamentos de paraquedistas. Estes militares vão transportar os azulejos que comporão um painel evocativo a descerrar às 13h00.

Nesse momento, que contará com a presença de Marcelo Rebelo de Sousa, atuará o Grupo Coral dos Trabalhadores de Alcáçovas, cantando “Grândola, Vila Morena”, música de José Afonso escolhida como uma das senhas para o golpe militar que, em 1974, depôs a ditadura.

A partir das 16h00, em Alcáçovas, será inaugurado o Parque Infantil “Liberdade”. Às 17h00, terá lugar um Concerto da Jovem Orquestra Portuguesa, uma iniciativa da Orquestra de Câmara Portuguesa que se dedica aos jovens músicos entre os 14 e os 28 anos, selecionados em todo o país.

Esta evocação será realizada em parceria com a Associação 25 de Abril, com a Câmara Municipal de Viana do Alentejo e com a Junta de Freguesia de Alcáçovas.

As Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril tiveram início em Março de 2022 e vão decorrer até 2026.

«Entendemos que as celebrações dos 50 anos do 25 de Abril devem promover o conhecimento do passado e afirmar-se, em simultâneo, enquanto catalisador de uma consciência coletiva de cidadania, contribuindo para uma sociedade mais participativa, plural e democrática», acrescenta Maria Inácia Rezola.

O período inicial das Comemorações tem sido dedicado aos movimentos sociais e políticos que criaram as condições para o golpe militar. A partir de 2024, os três ‘D’ do Programa do Movimento das Forças Armadas (MFA) serão revisitados, em iniciativas que evocam o processo de descolonização, a democratização e o desenvolvimento. 

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