Desconhece-se a data de fundação da ermida de São Geraldo, que em 1536 já existia pois é referida nas demarcações das propriedades do concelho de Alcáçovas (ANTT, Tombo das propriedades do concelho da vila de Alcáçovas, 1536), nomeadamente na descrição das confrontações do Rocio do Poço Novo, situando-se a nascente da vila. Túlio Espanca (Inventário Artístico de Portugal, vol. I, 1978) refere uma tradição oral segundo a qual este templo, com albergaria anexa, era uma leprosaria, a qual carece de confirmação documental.
         Entre finais do século XVI e inícios do          século XVII, após a constituição de uma          irmandade criada por uma comissão de          moradores (1599), a Ermida de São Geraldo          sofreu uma profunda reformulação          arquitectónica que lhe conferiu a sua feição          actual. 
         O templo apresenta planta longitudinal          simples, sendo composto por nave única          precedida de alpendre, cabeceira de fecho          recto orientada a Nordeste e sacristia          anexa, a Sudeste. O presbitério, coberto por          cúpula sobre pendentes, construída muito          provavelmente em início de seiscentos, é          rasgado ao nível do alçado Noroeste por          fresta com enxalço, única fonte de          iluminação deste espaço, e, ao nível do          alçado Sudeste, por vão de porta de acesso à          sacristia, esta coberta por abóbada de          aresta e rasgada no alçado sudoeste por          porta de acesso ao exterior, sobreposta por          fresta com enxalço. O corpo da nave,          sobrelevado em relação aos volumes da          cabeceira e do alpendre, é coberto por          abóbada de canhão, também resultante da          mesma reforma, a qual obrigou à aposição de          contrafortes no exterior para reforço          estrutural, estes coroados por pináculos          piramidais. A nave é iluminada por dois          óculos circulares rasgados ao nível da          cobertura, um por cima do arco triunfal e          outro na frontaria. A fachada apresenta          portal axial de verga direita, no qual se lê          inscrição alusiva à sua feitura, datada de          1607(?), situando-se à direita do mesmo          púlpito com comunicação para o interior da          ermida e escada de acesso pelo exterior. O          alpendre, provavelmente ainda da construção          primitiva, coberto por telhado de duas          águas, apresenta, sobre o arco principal de          acesso, de volta perfeita, facetado, e          coroando a empena, campanário rematado por          frontão sobreposto por pináculo piramidal          idêntico aos já referidos. 
         Na sequência da reformulação arquitetónica          de inícios do século XVII, a ermida foi alvo          de uma campanha ao nível do equipamento          artístico de que são testemunho, o          revestimento integral do presbitério com          pintura mural, de que se encontram ainda          hoje visíveis a representação dos quatro          evangelistas nos pendentes que suportam a          cúpula, e de São Rafael e Santo Inácio de          Antioquia no alçado Noroeste e de Santa          Bárbara e Santa Águeda no alçado Sudeste (2ª           metade século XVII), que se sobrepõem a          outras mais antigas (inícios século XVII), e          a decoração da abóbada da nave, com          esgrafitos de padrão geométrico. Já do          século XIX é a pintura com apainelados e          guirlandas que decora a cúpula, sobrepondo a          anterior seiscentista.
         Merecem ainda referência, já de meados do          século XVIII, o retábulo de Nossa Senhora do          Pilar, colocado no alçado do lado do          Evangelho da nave, em talha dourada, barroco          joanino, pertencente a irmandade da mesma          evocação (já extinta), e o retábulo mor, já          do último quartel de setecentos, policromado          e dourado, em estilo rococó.
         Encontrando-se em mau estado de conservação,          a ermida de São Geraldo e casa anexa foram          alvo de intervenções a mando da Junta da          Paróquia, durante a segunda metade do século          XIX. Em 1941, foi recuperada sob o          patrocínio de D. Maria Joana Cabral          Fernandes. 
         Em São Geraldo, fazia-se feira franca de          dois dias, com início a 13 de Outubro,          conforme se relata nas Memórias Paroquiais          de 1758.
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