terça-feira, 7 de outubro de 2014

Castelo de Montemor-o-Novo








O Castelo de Montemor-o-Novo é o recinto original da Vila medieval de Montemor-o-Novo. Conquistado aos Mouros por D. Afonso Henriques. D. Sancho I concedeu-lhe o 1.º Foral em 1203. A muralha terá sido reconstruída no reinado de D. Dinis. Nos séculos XIII e XIV administrava as freguesias urbanas todas com sede no interior do castelo: Sta. Maria do Bispo, Sta Maria da Vila, S. João e S. Tiago.
Progressivamente abandonado pela população a partir do Séc. XV; o Castelo conserva hoje importantes testemunhos da história medieval e moderna de Montemor-o-Novo: troços da muralha, Paço dos Alcaides, Igreja de Santiago, Igreja de S. João, Igreja de S. Maria do Bispo, Torre do Relógio, Porta da Vila, Torre e porta do Anjo, Torre da Má Hora, Convento da Saudação, entre outros.

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Vamos ó Balho ?

Nos anos 50 do passado século, Entradas registava o seu maior crescimento demográfico, havia por essa altura perto de 2000 pessoas a residirem por estas bandas.
As famílias eram invariavelmente numerosas e a vila transbordava de juventude. A maioria destas famílias tinha na sua prole 4, 5 ou mais filhos para sustentar, tarefa difícil de levar a cabo em terra de paupérrimos recursos e onde os trabalhos eram quase sempre de carácter sazonal, logo, com largos períodos de carência onde a imaginação era levada ao limite para alimentar tanta boca ávida de pão.
Os moços e moças assim que ganhavam corpo eram encaminhados para trabalhos que não eram proporcionais às suas fracas figuras. No entanto, e como é próprio da juventude, a diversão e o catrapisco namorativo, davam-lhe ânimo para depois de longas jornadas de trabalho, ainda irem arrastar os pés cansados nos bailes tradicionais que por aqui se realizavam. Estes bailes eram realizados em casas particulares com duas intenções: uma para aconchegar o parco orçamento familiar através das entradas e das vendas de petiscos, outros com uma intenção mais hábil que consistia em “ fazer solo” ou seja; como o chão das casas era em terra batida, estes ocasionais “ balhos” serviam para calcar o chão da divisão pretendida, matando-se assim, dois coelhos de uma só cajadada.
Nesse tempo haviam dois bailes com garantia de casa cheia, eram os “ balhos da Patanisca” e os “ balhos da Torradinha” assim conhecidos, porque durante o serão dançante havia um convite formal ao consumo, aqui chamado de “ garvanço” que consistia em comer pataniscas, ou torradinhas consoante o organizador da função.
Como a electricidade ainda era coisa de que nem se ainda ouvira por aqui falar, a “ balhação” era feita à luz de candeeiro a petróleo, o que presumo que daria ao ambiente um certo toque romântico, propicio à troca de olhares mais cúmplices ou ao jogo das sombras decalcadas nas paredes. Quando não havia flautista, ou acordeonista, os bailes eram cantados, ou seja; bailava-se, ria-se e cantava-se ao mesmo tempo, e segundo testemunho dos que me são próximos, a diversão não deixava de estar garantida por tão importante falha.
Por esse tempo, moço que se prezasse trazia nos bolsos dois objectos importantes, navalha e “ flaita”. Navalha porque faz parte da indumentária de qualquer alentejano que se preze, e “flaita” para animar musicalmente bailes ou mesmo outros períodos de ócio, nomeadamente na pastorícia onde o tempo abunda e o bulício da solidão convidam ao pincelar de sons a paisagem transtagana.
Por essa altura havia em Entradas um acordeonista de três acordes, de seu nome Manuel do Carmo, que animava os “ balhos” de então. Este músico taberneiro, percursor da música brejeira hoje tão em voga, vincava no fole do seu instrumento letras que ainda hoje em Entradas são recordadas e de que vos deixo breve exemplo, para que possam aquilatar da veia poética deste taberneiro, músico e poeta:

Minha sogra é forneira
Meu sogro vai à lenha

Minha vaca já pariu
E a minha mulher está prenha


Ou então o seu grande sucesso que ainda hoje é cantado:

Balhem putas, balhem putas
Balhem putas dum cabrão
Quanto mais vocês balham

Mais putas vocês são...

Texto copiado do blog do nosso compadre Napoleão Mira, http://pulanito.blogspot.pt/
A foto foi retirada do Blog http://memoriacomhistoria.blogspot.pt/ e é datada de 1935...

domingo, 5 de outubro de 2014

De Coração d' Interiores

Este é o meu terceiro livro. Um livro em forma de mim, do que sinto, do que me rodeia. Um livro sempre com o Alentejo como pano de fundo.
Depois de um romance, regresso ao registo assumidamente autobiográfico que, de certa maneira, é um género que me apraz.

Ao longo destas páginas, reúno textos dos últimos anos como se estes fossem olhares escritos. Fotogramas de palavras. Instantes-impulso em que a necessidade de os transcrever foi mais forte do que eu. Como se não tivera mão neles, nem eles mão em mim.

Estou de regresso a um território preferencial. O dos afetos. À escrita do vinho e do fogo. Às pessoas que comigo repartiram caminho. Às silenciosas e inquietas madrugadas.

Este De Coração D’Interiores, como o nome induz, é uma porta escancarada para a casa que habito. Para a intimidade do que escrevo. Para aquilo que tenho de mais sagrado. Para a minha memória.

Em muitos destes textos, recorro à lembrança de um tempo menino que, apesar de longínquo, me continua a perseguir como se de uma interminável empreitada se tratasse. Penso mesmo que terá sido essa a razão que me fez voltar à escrita. A redescobrir nela o prazer solitário de esculpir nas palavras, imagens, sons e cheiros que me acossam, mas que sinto esvaecerem-se a cada dia.

Relendo detalhadamente as crónicas que aqui publico, dou comigo a pensar que algumas estão impregnadas de gente que já não está entre nós. Gente que, de alguma forma, me terá marcado a existência. Pessoas que partiram, mas que faço questão que continuem vivas nas páginas que aqui lhes consagro.

Deste modo, regresso às ruas da minha terra, a da memória e a da esperança, aos inconfundíveis aromas que perfumam as manhãs aldeãs, aos silêncios ensurdecedores das muitas noites de insónia, aos caminhos calcorreados na solidão do pó, ao desejo inequívoco de ser feliz.

Não sei se estou contente com o resultado alcançado. Provavelmente nunca estarei. Apenas sei que nestas páginas deposito muito do que sou. Um ser cada vez mais taciturno, mais ensimesmado mas, ao mesmo tempo, mais complacente para com os outros homens meus irmãos.

Este livro, feito viagem ao âmago das minhas entranhas, não é mais que uma vontade quase irracional de perpetuar dados momentos. Uma espécie de catarse que não consigo explicar. Um desejo feito impulso que reside para lá de mim. Uma coisa em forma de espanto.

                                                                                                                    - Napoleão Mira.


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sábado, 4 de outubro de 2014

Alentejo do mê Coração....

 
Alentejo do mê coração!!!
Eu - Abalei às 15h…
Ele - Tu o quê??
Eu - Abalei…
Ele - O que é isso?
Eu - Ora, fui-me embora…
Todo o bom alentejano “abala”, para um sítio qualquer, que normalmente é já ali. O ser já ali é uma forma de dizer que não é muito longe, mas claro que qualquer aldeia perto aqui no Alentejo está no mínimo a cerca de 30km. Só um alentejano sabe ser alentejano!
Um alentejano “amanha” as suas coisas, não as arranja, um alentejano tem “cargas de fezes”, não tem problemas, um alentejano vai “à do ou à da…” não vai a casa de…, um alentejano “inteira-se das coisas” não fica a saber… No Alentejo não há aldrabões há “pantomineiros” e aqui também não se brinca, “manga-se”.
No Alentejo não se deita nada fora, “aventa-se” qualquer coisa e come-se “ervilhanas” ou “alcagoitas” (amendoins) e “malacuecos” (farturas). Os alentejanos não espreitam nada nem ninguém, apenas se “assomam”… E quando se “assomam” muitas vezes podem mesmo ter dores nos “artelhos” (tornozelos)!
As coisas velhas são “caliqueiras” e muitas vezes viaja-se de “furgonete” (carrinha de caixa aberta), algo que pode deixar as pessoas “alvoreadas” (desassossegadas). Quando algo não corre bem, é uma “moideira” (chatice) e ficamos “derramados” (aborrecidos) com a situação, levando muitas a vezes a que as pessoas acabem por “garrear” (discutir) umas com as outras e a fazerem grandes “descabeches” (alaridos).
“Ainda-bem-não” (regulamente) as pessoas tem que puxar pela “mona” (cabeça) para se desenrascarem quando muitas vezes a solução dos seus problemas está mesmo “escarrapachada” (bem visível) à sua frente.
Não estou “repesa” (arrependida) de ter escrito esta pequena crónica, com vista a lembrar detalhes do património oral que nos é tão próximo e muitas vezes de “bradar” aos céus. “Dei fé” (pesquisei) a algumas expressões e tentei não vos criar, a vós leitores, uma grande “moenga”, apenas quero que guardem algumas destas expressões na vossa “alembradura” (lembrança)...
Copiado do Facebook da comadre Elsa Martins...




Fotos gentilmente cedidas pelo compadre José Manuel Costa e tiradas em Marvão...



sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Há 85 anos...




























   Os primeiros registos, que existem de um coreto na vila das Alcáçovas, neste caso iconográficos, são de 1910, estrutura efémera, como ocorreu um pouco por todo o pais. Esta estrutura era utilizada na Praça e também no Largo Alexandre Herculano, para que a Banda de Música da Sociedade União Alcaçovense se fizesse ouvir com as suas obras e repertórios.
   Alguns anos mais tarde, a partir de 1925, julga-se que terá surgido a ideia entre os Alcaçovenses, para a construção de um Coreto no Largo Alexandre Herculano. Por esta altura já se tinha iniciado, entre a Vila das Alcáçovas e a Cidade de Setúbal, um intercâmbio cultural, que haveria de culminar com a inauguração do Coreto em 29 de Setembro de 1929. Este intercâmbio, terá existido, pelo facto de nas primeiras décadas do século XX, a Banda de Música da Capricho Setubalense, ser dirigida pelo ilustre Alcaçovense, o Maestro Doménico Maia. De referir também, que o Alcaçovense, Sr. Agripino Maia, dirigia neste período, o famoso Sextetos de Saxofones, da Sociedade Capricho Setubalense que deslumbrantes saraus musicais proporcionaram aos Alcaçovenses.
   Tal como o nosso Coreto, todos os coretos ficarão para sempre caracterizados como um símbolo de descentralização e democratização cultural, não só em Portugal, mas também em toda a Europa. Transmissores dos ideais de igualdade, os coretos foram sem dúvida, um dos símbolos responsáveis, por a cultura ter saído dos meios intelectuais para a rua. Local onde o analfabetismo predominava, passavam-se então a ouvir as bandas filarmónicas, sendo então transmitido para toda a comunidade, o gosto pela música.

   Imóveis de reconhecido interesse cultural, existem actualmente em Portugal muitas centenas de coretos dispersos por todo o território, no entanto, só algumas dezenas se encontram inventariados e muito poucos se encontram legalmente protegidos. Alguns até têm sido retirados dos locais públicos, onde foram construídos. Outros há, que não foram destruídos, mas encontram-se num estado de conservação deplorável. Neste sentido, podemos dizer que é um orgulho para todos os Alcaçovenses e mesmo para o concelho de Viana do Alentejo, o facto de o Coreto da Vila das Alcáçovas ter chegado aos nossos dias em tão bom estado de conservação, atendendo, que muitas são as localidades por esses pais fora, que isso não acontece. 

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Café do Mercado da Salvada (Beja)






Descobri por acaso este sitio: fui tirar umas fotos á Salvada, pequena aldeia a cerca de 10 Kms de Beja e passei pelo seu antigo mercado, hoje transformado em restaurante especializado em grelhados de peixe.
Chama-se Café do Mercado e são as antigas bancadas que fazem agora de mesas. O ambiente é calmo, não estivessemos nós em pleno Alentejo profundo...
Provei o Robalo na Grelha, que estava delicioso, mas também havia Salmão Assado á disposição.
Excelente, vou voltar em breve... 

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Trilhos de Aguiar (By Celestino Manuel)










Aguiar é uma aldeia do Concelho de Viana do Alentejo e está situada a cerca de 22 Kms de Évora.
Nos seus arredores, podemos percorrer trilhos de grande beleza em qualquer época do ano, tal como provam estas fotografias captadas pelo nosso compadre Celestino Manuel, numa das caminhadas organizadas pelo Projeto Alcáçovas Outdor Trails (Associação dos Amigos das Alcáçovas).
Link para visualização de percurso: http://www.wikiloc.com/wikiloc/view.do?id=6570268