sábado, 30 de novembro de 2013

Maçanitas



Uma singularidade no novo pedaço de terra a cargo, é esta árvore. Não me disseram o seu nome e não arrisco baptizá-la porque nenhuma hipótese me soa bem. Os seus frutos: maçanicas!


Nunca tinham visto, nem ouvido falar?...Pois, eu também não!
Como se vê são maçãs, sabem a maçã, e têm inclusivé um mini-caroçinho...só que são mesmo muito pequeninas, do tamanho de berlindes...Decerto já viram "cenouras-baby"... Acho que aqui se trata da versão tradicional do mesmo princípio...


Há cerca de um mês estavam no ponto para serem comidas, verdes com uns laivos de castanho; entretanto foram amadurecendo, amolecendo e caindo da árvore-mãe. Hoje para exercitar a paciência pus-me a apanhar, uma a uma, as caídas no chão...Consegui meio-quilo e as galinhas agradeceram!


sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Falando de Queijos...


Sempre ouvimos dizer que o queijo de Abril é o melhor. Se não é, pelo menos, era. A afirmação ainda continua a fazer sentido, se bem que a tradição já não seja o que era. Vivemos num tempo em que há produção de queijo durante os doze meses do ano. Abençoadas ovelhas ou seja lá o que for
Tradicionalmente, na nossa região, os meses fortes do fabrico do queijo artesanal eram Março, Abril e Maio, e a grande montra de negócios era a Feira de S. João, em Évora.
Que nos desculpem os amigos leitores que detestam este lácteo alimento, mas a memória que temos do queijo fresco acabadinho de sair dos cinchos bem como do almece e do requeijão polvilhados com canela e açúcar fez-nos reavivar cheiros e sabores fortes, práticas ancestrais e muitas outras lembranças.
Procurámos dar as voltas que um queijo dá, quer dizer, dava. Falámos com antigos pastores e queijeiras, e ainda com muita outra gente que, de uma maneira ou de outra, esteve ligada ao pastoreio e à arte de fazer queijos.
Recuámos no tempo. Fomos até ao campo. Era ali que tudo começava, com o apriscar das ovelhas. Os antigos apriscos (priscos), cada vez mais raros, eram longos e estreitos corredores de estacas e rede onde as ovelhas, mais ou menos alinhadas, eram submetidas à ordenha. As que não davam leite eram transferidas para o alfeire.
Convém dizer que, ao invés do que hoje acontece, predominava a raça merino, de lã negra. Havia a convicção de que eram animais mais resistentes.
 Num seguidismo quase fatalista, lá ia a compacta legião de fêmeas atrás da ovelha cabresteira, que se distinguia das suas congéneres por possuir, como enfeite, umas borlas no dorso, nas cruzes e nas ancas. Também o som do seu rústico chocalhar era diferente.
Em muitos rebanhos existia um carneiro cabresteiro, que, como comandante à frente das tropas, impunha a sua liderança até à cabeceira do aprisco. Não se inveje, porém, a sorte do macho. O animal era capado e desprovido da ponta dos cornos ou mesmo mocho de nascença.
Alguma ovelha mais dada a tresmalhos ou que mostrasse relutância em dar o seu contributo leiteiro tinha de se haver com a destreza dos cães, sempre vigilantes.
A bem ou a mal, a fecunda ovelhada, com os tetos rijos de leite, lá enfiava pela apertada manga de rede, onde o pastor e o respectivo ajuda, um de cada lado, se preparavam para mungir os animais.
Se necessário, os homens podiam contar com o apoio da chamada ovelha amparadeira. Bastava a tranquila e sólida presença junto do pastor ou um ligeiro encosto nas parceiras para tornar as coisas mais fáceis.
Ali por perto, havia, cravados no chão, um pau com forcas ou umas estacas, onde se penduravam o ferrado, os cântaros, as medidas, o funil, o coador…
Tudo a postos, toca a ordenhar. Para os homens, eram longas e incómodas horas a castigar a espinha. O trabalho exigia um enorme esforço físico, quase violento. Também se pedia alguma habilidade manual. Os dedos polegar e indicador eram peças-chave para fazer esguichar os jactos de leite para dentro do ferrado. Os calos acumulavam-se nos dedos dos pastores e dos ajudas. Se os rins davam sinal ou o trabalho exauria as forças, havia que achar posição e procurar firmeza com os cotovelos assentes nos joelhos. Ordenhavam-se, com frequência, duzentas, trezentas ovelhas. Às vezes mais.
As calças de ordenha, umas serapilheiras toscas, tresandavam a ovelhum. Cheiro intenso! Não havia lugar para esquisitices. Era preciso fazer duas ordenhas diárias: uma de madrugada, ainda escuro, e outra à tarde.
Entre outras coisas, tinha de se estar atento, não fosse alguma ovelha mais desleixada descuidar-se com algumas caganitas para dentro do ferrado. Tinham de ser os homens a pescá-las com os dedos. 
Ninguém morreu por via disso! Tudo era genuinamente natural. Quem fazia a ordenha estava acostumado a beber o leite cru, acabado de sair dos tetos. É igualmente verdade que certos pastores só toleravam o líquido já depois de atabafado. Um rico mata-bicho, dizem.
Também o almece ou atabefe, como alguns lhe chamam, constituía refeição regular durante este tempo de Primavera. Entre o Carnaval e a Páscoa, determinados lavradores davam ao pessoal, invariavelmente, feijão com abóbora ou almece.
Fazia parte das regras que os pastores tivessem direito à primeira ordenha do domingo, as chamadas domingueiras. Muitos guardadores faziam negócio com o leite; outros aproveitavam-no para queijo. Insinuam alguns que, aos sábados, as ovelhas tinham direito às melhores pastagens e eram menos apertadas durante a ordenha. Diz-se tudo!
Tirado o leite, este era levado pelos roupeiros até às queijarias. Muitas casas agrícolas faziam os seus próprios queijos. O transporte era feito de carroça ou de burro, com os cântaros de um lado e de outro do jumento. Longas e pacientes caminhadas!
 Para falar do fabrico do queijo, nada como conversar com quem passou quase uma vida inteira nessa lida.
No antigo Largo da Cadeia, onde vivemos parte da infância e da adolescência, morava uma das mulheres que muito sabia da arte das queijarias. Era só atravessar o largo e lá íamos nós à procura dos fresquíssimos queijos, das bolas compactas de requeijão ou do almece ainda morno. Era ali também que encontrávamos os amanteigados queijos de correr, os de meia cura e outros já mais curados.
 A nossa vizinha queijeira era Maria Jacinta Conceição Cornacho (a Bia, para familiares e amigos). Os seus esclarecidos 87 anos ainda permitem recordar, a par e passo, o que era o trabalho numa queijaria.
 A aprendizagem, fê-la na casa dos pais. Desde os 8 ou 9 anos que se lembra de fazer queijos. Ela e os irmãos. Antes de vir, já depois da casada, para a casa do largo, viveu e trabalhou noutros lugares, nomeadamente no monte junto à estrada de Lavre, no sopé da Nª Srª da Conceição.
Os meses de Primavera não permitiam descanso. Era uma vida presa, que exigia muito trabalho e responsabilidade, e sempre com aquele cheiro entranhado. A nossa antiga vizinha não resistiu a confessar-nos o embaraço que sentia, sempre que ia à missa e ouvia comentar à sua volta: Cheira aqui a queijo! Não havia volta a dar.
Mas vamos lá ao fabrico do produto artesanal. Duas vezes por dia, da manhã e à tarde, chegavam os roupeiros ou os pastores para deixarem o leite. Duzentos, às vezes, trezentos litros diários. De seguida, o espesso líquido era passado por um coador com vários panos. O número dependia das impurezas do leite. Chegavam a ser cinco, seis panos. As queijeiras já conheciam quem eram os pastores mais asseados ou nem por isso.
 Por vezes, quem fazia o transporte ajudava a coar o leite. Um dos panos levava uma porção de sal. O líquido coado caía dentro de uma panela, que era levada, depois, para perto do lume. A temperatura do leite era importante. A experiência e a sensibilidade das mãos das queijeiras dispensava termómetro, mas, se houvesse necessidade, sabia-se que os trinta e poucos graus seriam os ideais.
Para coalhar o leite, juntava-se-lhe o cardo, previamente posto de molho e macerado. A partir de certa altura, houve gente que passou a utilizar outros produtos menos naturais. Sempre à beira do lume, leite e cardo iam sendo pacientemente mexidos com uma cana e, assim que se considerava pronta a coalhada, a panela era envolta em cobertores, permanecendo tudo em repouso durante cerca de uma hora. Segredos do negócio.
Seguia-se, depois, a fase de passar a coalhada para a francela, a banca onde as mulheres esmigalhavam e espremiam a branca massa, moldando-a nos cinchos e deixando escorrer o chilro (o soro) para dentro de um alguidar. É costume dizer-se que mãos frias fazem melhor queijo. 
O tamanho da francela dependia do movimento da queijaria e do número de braços de trabalho. Por vezes, laboravam duas ou três mulheres de cada lado.
 Não se julgue que o chilro era desaproveitado. Nem pensar! Era passado para um grande tacho ou lata e, em cima de uma trempe, ficava ao lume até abrir fervura. Dali saía o requeijão, apertado em panos brancos e pendurado, e também o almece, tão amado por uns e detestado por outros. A nossa queijeira recordou, entretanto, os serões que passou a pesar quilos e meios-quilos do cobiçado requeijão.
 No fim, o que sobejava dava paria encher a barriga a alguns animais.
Voltando um pouco atrás, à francela, os queijos destinados à cura levavam sal dos dois lados e, depois de contados, eram colocados em tabuleiros e levados para secar nos caniços ou em rede de arame. Eram milheiros de queijos para vigiar, virar, lavar…
O tempo húmido e o vento eram grandes inimigos. Em vez de haver cura, a massa escorria como velas a pingar. Grandes prejuízos!
Da nossa parte, ficam “milheiros” de coisas por contar. Apesar do tema central ser o queijo, não se pense que houve esquecimento. É mesmo falta de espaço para escrever. Até à próxima!

Texto gentilmente cedido pelo nosso compadre Vítor Guita.

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

IV Passeio BTT "Rota dos Doces Sabores"

Os nossos compadres da Associação de Jovens de Alcáçovas (AJAL) vão organizar um passeio BTT no dia 08DEZ13, por ocasião da Mostra da Doçaria da nossa vila.
Para quem gostar de BTT e Doces, este será um dia perfeito. Inscrevam-se e apareçam...

Trilhos de Monfurado (Évora)





Valverde, perto de Évora, oferece condições magnificas para a prática de Pedestrianismo e BTT.
Valverde é a principal povoação da freguesia de Nossa Senhora da Tourega, no concelho de Évora, a cerca de 12 km da sede do concelho.
A povoação estende-se por ambas as margens da ribeira de Valverde, afluente da ribeira das Alcáçovas, na bacia hidrográfica do Sado.
Na margem esquerda fica a Quinta do Paço de Valverde e o Convento do Bom Jesus de Valverde, ocupadas atualmente pelo Polo da Mitra da Universidade de Évora. Na margem direita, no sopé da serra de Monfurado, espalha-se o núcleo habitacional propriamente dito.

A Associação dos Amigos de Alcáçovas disponibiliza guias locais para pequenos grupos de pedestrianistas. Contacte-nos para passar um dia perfeito no Alentejo Central...

Para obter mais informação sobre os Trilhos de Monfurado: http://www.evora.net/percursos/monfurado.htm

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Os Nossos Parceiros: Casa Maria Vitória

 





 
A Casa Maria Vitória é um dos parceiros comerciais do Projeto Alcáçovas Outdoor Trails, apoiando os nossos passeios e caminhadas com a oferta dos seus bolinhos secos, que tão bem nos sabem logo de manhã, no começo dos nossos eventos, onde se fazem as apresentações e onde se quebra o "gelo inicial".
Trata-se de uma pequena empresa familiar, que começou numa padaria/confeitaria e que atualmente é gerida pela Maria Manuel, uma jovem Alcaçovense extremamente dinâmica e com visão de futuro.
Muitas das receitas dos bolos conventuais aqui fabricados provêm das memórias dos antigos Conventos situados em Alcáçovas e Viana do Alentejo.
Poderemos provar os estes doces conventuais (e não só) na Mostra de Doçaria de Alcáçovas, a realizar brevemente, nos próximos dias 06, 07 e 08DEZ.
A entrada desta Mostra é gratuita.
 
 

Cálcio Verde


Foi a minha mãe, ontem ao telefone, que me deu esta dica e eu como a achei tão invulgar e ao mesmo tempo tão simples, não vou perder tempo e partilho-a desde já.

Sabiam que a couve se pode comer crua?

Se separarmos os talos e a migarmos na tábua muito fininha (tipo caldo verde), pode juntar-se a qualquer salada de legumes, prato de arroz ou de massa!
Hoje ao almoço, já experimentei com uma salada vulgar de alface, cenoura e cebola... e não se dando pela couve, a salada ficou enriquecida com uma dose valiosa de vitaminas,cálcio e outros minerais !


Aproveitemos os legumes da estação, porque em cada ciclo, a terra dá-nos exactamente aquilo que precisamos!

Copiado do blog: http://zanadias.blogspot.com/

terça-feira, 26 de novembro de 2013

PR9 MRT- Entre o Escalda e o Pulo do Lobo

PR9 MRT - Entre o Escalda e o Pulo do Lobo (Mértola)

 A estrada para chegar ao inicio do percurso pedestre “PR9 MRT – Entre o Escalda e o Pulo do Lobo” é uma estrada tipicamente alentejana onde, por entre planícies e pequenos montes dourados, o número de automóveis que encontrei se podia contar pelos dedos de uma mão.
O trilho tem início numa zona de caça, pelo que é importante ter algum cuidado ao realizá-lo nos meses em que esta ocorre. Por várias vezes ouvi tiros ao longe, o que redobrou a minha atenção a cada passo dado.
Poucas dezenas de metros após o inicio da caminhada e no cimo do primeiro monte, já se avistam as curvas do Guadiana, ao fundo no vale.
O percurso, bem assinalado nesta fase, encaminha-me rapidamente para as margens do rio. As primeiras imagens deste são fantásticas. Beija os montes com um rumo bem definido até Vila Real de Santo António.
Cheguei às ruinas da antiga casa do moleiro do moinho do Escalda e continuei a descer por um trilho em terra batida até às margens do rio.
Ao chegar, percebi que tinha começado a secção mais descuidada deste percurso. A zona não estava limpa e as ervas que aqui proliferam atingem facilmente a altura da cintura, tornando o avançar no caminho correcto mais difícil e penoso do que o expectável.
Continuo caminhando apesar de há muito não ter a certeza de estar no percurso assinalado. As marcas não estão bem visíveis ou não existem, mas sei que continuando a descer a margem, acompanhando o forte caudal, irei encontrar com certeza o Pulo do Lobo.
Com receio da minha passagem, várias tartarugas que se banhavam ao sol nas enormes pedras da margem, fugiram, submergindo tão depressa quanto possível para as águas do rio, escondendo-se assim do visitante inesperado.
Os rápidos ensurdecedores ofereciam a banda sonora a esta fase da caminhada que se foi desenrolando pausadamente devido à sua dureza e falta de sinalização.
Por fim, tudo valeu a pena. Andar quase em escalada e perdido nas margens do Guadiana para poder admirar o Pulo do Lobo.
Uma impressionante queda de água surge aos meus pés, fruto da natureza que mostra aqui toda a sua força e imponência. O som estrondoso do contacto da água com as pedras é impressionante e absorve todos os outros.
Senti vertigens e alguma insegurança no miradouro, visto que as correntes de protecção não me pareceram muito seguras. Aconselho o máximo de cuidado a quem o visitar.
Regressei agora por estrada em terra batida, sempre subindo a encosta, serpenteando entre eucaliptos, oliveiras e vegetação autóctone.

Texto e foto copiados do site www.solagasta.com

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Figos de "Toque"

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Junho é o mês de "tocar as figueiras". É mais uma das tradições do Sul de Portugal associada, neste caso, à produção de figos, que tem tanto de estranho como de fascinante, e parece que ninguém sabe ao certo como e onde começou. A prática consiste em apanhar os figos quase maduros de uma figueira "toque", para ajudar na produção de melhores figos.
Esta variedade de figueira, cujo fruto não é comestível, apenas é mantida, a meu ver, por fazer parte desta tradição muito antiga, de ajudar ao crescimento dos frutos das outras figueiras, durante os meses de Julho, Agosto e Setembro. Os seus figos são portadores de uma preciosa carga: ovos depositados dentro dos figos por uma espécie de mosquitos que, na altura certa, eclodem (foto 3), e os novos insectos procuram de imediato novos figos em formação, para garantirem uma nova geração (foto 4). O pequeno insecto tem cerca de 1 milímetro de tamanho...
Segundo parece, o minúsculo mosquito, ao depositar os seus ovos em figos no início do seu crescimento, não só faz com que este cresça mais, como fique ainda mais doce. Antes deste figo estar maduro, os insectos voltam a sair e procuram mais uma vez os figos da figueira "toque", para assim sobreviverem aos meses mais húmidos. Durante muito tempo, pensei tratar-se de um mito, mas este ano revolvi investigar o pouco que se sabe sobre tudo isto, e acabei por também "tocar" as figueiras do meu quintal. Confesso que gosto de tradições...

Copiado do Blog do compadre Zé Julio : http://o-bau-do-zejulio.blogspot.com/

domingo, 24 de novembro de 2013

Vamos limpar a Ermida de Nª Sra das Neves ( Ferreira-Alandroal)


Os compadres da Associação Projeto Raia Alentejana vão limpar a Ermida de Nª Sra das Neves, em Ferreira, no Alandroal. Quem quiser ajudar esta malta impecável, pode aparecer e levar farnel. Vai ser um dia de são convívio em contacto com a natureza... Apareçam...

Das dores se fazem caminhos...

 
Os passos que moem a terra, o restolho, a lama, são passos cadenciados, cansados, pesados. São parte do caminho, são o som da estrada. Por cada passo marchado, na rota de uma jornada longa, se ganha mais um troço de chão, se desvanece mais um fôlego dos homens da Terra. Sobem, descem, os pés batem firmes na firmeza do solo. A estrada é a única vítima dos acessos de raiva destes pés castigados, cobertos com botas de couro. Revestimento duro para a dureza de uma vida que não o é. Que não será mais do que o acumular de horas nos caminhos secos ou lamacentos que percorrem os campos e que dispersam os da Terra por todos os lugares onde o trabalho é rei. São botas ou cascos dos que não vendo, não sabem e a quem nem é destinado o desmerecimento concedido às bestas. Choram os homens e as mulheres, os machos e as fêmeas, de negro como corvos salpicando os campos, vão andando e cantando as dores de não ser. Saem em bando antes do sol rasgar o céu e começar a arder ou com a água a escorrer pelo cachaço, incessante, sem tréguas ou piedade. Reúnem-se em praças, nos largos, novos e velhos, todos hão-de servir para o trabalho que nunca é emprego.Carregam os sacos, as trouxas e só conhecem verbos de obedecer. Revoltam-se apenas com as pedras do caminho, choram a fome com lágrimas que se misturam com a chuva ou que evaporam com o calor. Avançam, determinados, vencendo as distâncias, as lonjuras de que é feita a Terra e sentindo secretamente e a medo, nesta vitória, uma porta aberta para muitas outras que sabem- mas não dizem- que hão-de vir.
  Doem as pernas, postas ao serviço dos patrões também; doem as barrigas que reclamam, mais do que os homens, da mediocridade do que recebem para em troca, manterem o resto do corpo de pé; doem corações de amores humanos, de pais de filhinhos à chuva, de amores que não se cumprem senão nos intervalos da estrada. 
  E no entanto, canta-se. Canta-se tudo o que dói. Cantam-se os dias que parecem e não são todos iguais. Canta-se a tristeza de não se saber mais. Canta-se também a alegria de se ser da Terra, de pertencer a ela, de fecundar caminhos que pareciam inférteis. Cantam-se os cheiros da lareira apagada, a cinza tantas vezes lavada e reposta naquele lugar de sempre. Canta-se o sabor das beldroegas, dos espigos, da salsa, de um qualquer vestígio de sabor que trespasse o seco árido do chão e se converta em ceia sagrada noite após noite.
  Prende-se o cante à Terra, as botas e os pés aos caminhos e ainda que passem anos, só muda a cara das gentes. Para muitos, ir e vir nos caminhos longos, é parte da jorna, que é parte da vida. E a vida canta-se, ainda que se chore.
Grupo de cantadores. Criação da barrista Ana Bossa, Estremoz.
 
Texto da comadre Ana Terra, copiado do seu blog: http://aterradaana.blogspot.pt/

sábado, 23 de novembro de 2013

Projeto Fotográfico Alentejo Selvagem


Guarda-Rios
Milhafre-Real
Bico-Grossudo
Lagartixa da Montanha
Lagartixa da Montanha
Escorpião
Guarda-Rios
 
O Projeto Fotográfico Alentejo Selvagem tem por finalidade a divulgação da vida animal existente no Alentejo e que, muitas vezes, nos passa completamente despercebida. Estas fotos, do compadre Ricardo Lourenço são exemplos do magnifico trabalho desenvolvido por este jovem fotografo.
 

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Montes Alentejanos

 
 
 
Caminhando por esse Alentejo fora, podemos testemunhar a enorme beleza natural que nos cerca, mas também um imenso património rural que prova que esta província portuguesa foi em tempos o celeiro desta Nação. Os montes alentejanos, muitas vezes já em ruinas, são testemunhos silenciosos de vivências há muito perdidas, de histórias heroicas que ficaram por contar.
Esta é uma pequena homenagem a todos os homens e mulheres que ali nasceram, viveram e morreram. Se depender de nós, a sua memória jamais ficará esquecida...

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Passeio Fotográfico em Alcáçovas (08DEZ13)


PASSEIO FOTOGRÁFICO EM ALCÁÇOVAS 08DEZ13- (Domingo)
Tipo: Caminhada Circular
Hora de Concentração: 9H45...
Local: Jardim Publico de Alcáçovas
Hora de Inicio: 10H00
Hora previsivel de Chegada: 13H00
Distancia: Cerca de 10 Kms
Grau de Dificuldade: Grau 1 (sem dificuldade técnica).
Organização: Secção Outdoor da Associação dos Amigos de Alcáçovas (Projeto Alcáçovas Outdoor Trails)
Descrição do Evento: Entre as 10H00 e as 13H00, percorreremos as ruas de Alcáçovas e arredores, apreciando as suas casas caiadas, os seus monumentos e os seus miradouros. Disfrutaremos da paisagem tipicamente alentejana e daremos largas aos nossos dotes fotográficos...

Nesse fim de semana estará a decorrer a XIV Mostra de Doçaria de Alcáçovas, com entradas gratuitas...

Mariana da Estação (Ourique)

Mariana da Estação (de Ourique), é famosa, porque na sua taberna se canta o baldão, ao som da viola campaniça, com o sabor antigo dos grandes mestres que a planície escutou.
Templo desse património identitário, que acompanha quem nasceu naquele sul, que vai de Castro Verde a Almodôvar e de Ourique a Odemira, a taberna de Mariana é cenário de alguns episódios da sua vida e de uma arte, que integra as práticas dos cantares ao desafio.

Fotos e texto gentilmente cedidos pelo nosso compadre António Sousa.

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Artesanato em Cortiça


Chama-se Isidro Manuel Verdasca, tem 90 anos. Faz miniaturas da vida quotidiana no mundo rural que foi o dele durante muitos anos. Veio morar para Évora e passou a usar as memórias como matéria-prima que junta à cortiça.
Por esse Alentejo fora, existem ainda muitos idosos que se dedicam a passar para a cortiça as recordações que têm. Alguns não vendem as suas peças, mas outros, para colmatar as necessidades do dia a dia, vão dispensando aos visitantes, a troco de alguns euros, estas peças maravilhosas de artesanato.
A nossa verdadeira riqueza são as nossas gentes, devemos incentivá-los a continuar...


Consome Portugal, Respira Portugal.
Sempre que possas, prefere produtos e destinos genuinamente Portugueses.

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Caminhada em Viana do Alentejo 16NOV13



























No dia 16NOV13, a Secção Outdoor da Associação dos Amigos de Alcáçovas organizou mais uma caminhada, desta vez na bonita vila de Viana do Alentejo.
Com 17 participantes, visitámos o Santuário de Nª Sra d'Aires, a Serra de S. Vicente, as Pedreiras de Mármore Verde, a Olaria Mira Agostinho, a Taberna da Fava, o Castelo de Viana do Alentejo e, para terminar, fomos ao Restaurante "A Fonte", onde provámos uma mostra de sabores alentejanos.
Esta caminhada começou de uma forma excelente, com bolinhos secos oferecidos gentilmente pela Confeitaria Margarida Ilhéu, de Alcáçovas.

Fotos de João Mendes e Patrícia Magalhães
Link para visualização do percurso: http://pt.wikiloc.com/wikiloc/view.do?id=5646410