quarta-feira, 30 de setembro de 2020

Percursos pedestres sinalizados












Finalmente, muitos percursos pedestres alentejanos estão a ser devidamente sinalizados e podem ser percorridos gratuitamente por eco-turistas. Estamos atrasados mais de 20 anos em relação a outras regiões portuguesas, mas já estamos no bom caminho... 
Falta vencer a animosidade de alguns proprietários que ainda não compreenderam que só têm a ganhar com a passagem a pé de eco-turistas. Não nos confundam com caçadores, malta das moto-4 e condutores dos todo o terreno.
Nenhum de nós vos vai roubar a cortiça e nem vai deixar lixo nas herdades. Pelo contrário, até apanhamos as garrafinhas que vamos encontrando...

terça-feira, 29 de setembro de 2020

No Museu do Chocalho, em Alcáçovas















 A Oficina de Chocalhos do saudoso Mestre João Penetra, espaço que foi em tempos idos sobejamente conhecido na vila das Alcáçovas por " Museu do Chocalho ", está a ser completamente renovado respeitando a decoração  e a posição original de todas as peças em exposição.

Tendo em conta que esta grande colecção privada de Chocalhos e outros objectos relacionados com a arte chocalheira não se encontra actualmente aberta ao público, foi com uma enorme satisfação que aceitámos recentemente um convite para visitar este espaço museológico que é tão importante para conhecermos a arte Chocalheira, Património Imaterial da Humanidade.

segunda-feira, 28 de setembro de 2020

Pintores do Alentejo ( José Bravo Rosa )






                                                                          Retratos.
                                      Acrílicos sobre tela da autoria de José Bravo Rosa.


Alguns dos excelentes trabalhos do nosso compadre José Bravo Rosa de Castro Verde, Alentejo, Portugal...
Some of the excellent works of my friend José Bravo Rosa of Castro Verde, Alentejo, Portugal...

domingo, 27 de setembro de 2020

Em prol da conservação das espécies autóctones







Em prol das variedades regionais, esta é a nossa luta !!!
As caminhadas esforçadas conduziram-me uma vez mais à horta do meu amigo Orlando, um hortelão de excepção, daqueles que hoje em dia são tão fáceis de encontrar quanto um lince ibérico na Serra da Malcata.
É sempre um prazer conversar alguns minutos com este amigo, um verdadeiro apaixonado pelo campo e pela horticultura, cuja dedicação pessoal mantém os seus terrenos, acreditem, para os tempos que correm onde graça o abandono generalizado, em estado de fazer inveja. Porém, não são só estas as razões que diferenciam o Orlando da esmagadora maioria dos hortelões, pois estamos perante um homem ciente do valor das variedades regionais, pelas quais tem realizado um trabalho notável, embora até aqui sem a perfeita noção do que isso representa.
Numa retrospectiva muito superficial, penso ser em Gavião a pessoa que tem o maior número de figueiras, todas plantadas de estaca, a partir de varas recolhidas em velhas árvores do concelho. De todas as variedades que já identifiquei, apenas não constatei aqui uma delas. Também podemos encontrar oliveiras galegas e duas ou três macieiras de variedades regionais, possuindo ainda na sua vinha velhas cepas, dotadas com as castas a partir das quais se produzia o antigo e característico "Vinho do Gavião".
Apraz-me registar que está aqui alguém que não se abnegou ao mais fácil, prático e tido por moderno, que mais não será que recorrer de forma cega ao mercado. Manteve em grande parte o que já existia, recolheu e propagou muitas das suas árvores recorrendo aos métodos de estaquia e enxertia. Contudo, fico com a sensação que a ideia subjacente passava em primeira linha por uma carolice, acompanhada por alguma curiosidade e gosto pessoal, mais do que propriamente pela preservação, para o que já empreguei o meu esforço em lhe incutir, merecendo total abertura e receptividade.
Enquanto dialogava com o meu interlocutor, de toda a conversa uma frase fez eco nos meus ouvidos, a qual importa aqui destacar. "Essas árvores que compramos, umas nunca mais se desenvolvem, outras morrem e andam sempre cheias de moléstias. Estas nunca apanham nada ! "
Ora, sem a perfeita noção do porquê, através da experiência adquirida o Orlando constatou algo de importantíssimo, uma diferença que infelizmente escapa à grande maioria dos mortais. Então porque será que isto sucede ? Sucede, porque nesta corrida as variedades regionais estão séculos à frente das variedades adquiridas no mercado, na sua esmagadora maioria de origem estrangeira. As variedades regionais foram submetidas a um processo selectivo e de aperfeiçoamento genético ao longo de gerações, em que os melhores espécimes, os mais produtivos, robustos, resistentes e melhor adaptados, eram os escolhidos para a propagação. Para além das resistências naturais que estas plantas foram por si adquirindo, suportando doenças, pragas e factores climatéricos ou relativos ao solo que lhe eram adversos, os quais foram gradualmente superando até atingirem por vezes a imunidade. É este o percurso que as novas variedades não percorreram, pois muitas apenas cá chegaram hà menos de quatro décadas, logo não adquiriram as resistências das quais as variedades regionais estão capacitadas.
Vou dar um exemplo que fará qualquer um perceber esta questão. Quando os conquistadores espanhóis chegaram ao Novo Mundo, levaram consigo o vírus de uma simples constipação, o qual dizimou milhares ou milhões de índios sul americanos. Um vírus praticamente inofensivo para os europeus, era nem mais nem menos que uma certidão de óbito para os ameríndios, uma vez que os primeiros contactavam com este à séculos e o seu organismo havia adquirido resistências naturais, que transformaram o vírus em algo inofensivo. Ao contrário, os ameríndios contactavam com o vírus pela primeira vez, não estando o seu organismo capacitado para lhe resistir, provocando a morte em massa.
Este é um exemplo, que por analogia encaixa na perfeição nesta temática variedades regionais versus novas variedades ou importadas, assumindo as primeiras a posição dos europeus, pois hà muito que contactam com as adversidades do meio no qual se inserem e assim adquiriram as resistências necessárias, enquanto as variedades importadas, neste caso são os ameríndios, sucumbindo ou sofrendo graves danos perante as mesmas condições que o meio natural lhes impõe, pois não estão capacitadas das resistências para o efeito necessárias.
Para finalizar, ficam as fotos de uma descoberta fantástica de algo há muito procurado, os antigos "pêros", para mim um verdadeiro tesouro. O pêro não se trata de uma pêra, como eventualmente pode transparecer, mas sim de uma maçã de formato alongado, o que poderá não ser muito explícito nas fotos, uma vez que estão ainda numa fase precoce do seu desenvolvimento. O amigo Orlando detém a variedade, a qual pode ter salvo da extinção, pois à alguns anos recolheu uma vara de uma antiga macieira no Vale de Carvalho, árvore que hoje já não existe, com a qual realizou uma enxertia com sucesso. Poderá estar aqui um exemplar único, o que não me surpreenderia, atendendo ao facto da biodiversidade agrícola viver um período de extinção em massa, em que a grande maioria das variedades já desapareceram para todo o sempre.
Esta variedade, está já sinalizada para num futuro próximo integrar o espólio frutícola do Vale Machoso.
Parabéns ao Orlando pelo grande esforço e resistência aos efeitos da globalização agrícola, com quem será um prazer manter esta amigável parceria. Muito, mas muito obrigado.

Texto e fotos da autoria do nosso compadre Rui Delgado  ( Vale Machoso, Gavião )

sábado, 26 de setembro de 2020

Santuário de Nª Sra d'Aires ( Viana do Alentejo )


O santuário de Nossa Senhora d’Aires, considerado o maior templo cristão do sul de Portugal, encontra-se encerrado ao culto devido à pandemia do Covid-19. Este ano, não se realizam as tradicionais Festas e Feira, que deveriam ter lugar entre sábado, 26 e segunda-feira, 28 do corrente mês de setembro, além de não ser possível apreciar as obras de restauro, principalmente as que foram levadas a efeito no seu interior.
Situado numa zona rural, em local isolado, numa planície que se estende entre Évora e a serra, a cerca de dois quilómetros do centro histórico da vila de Viana do Alentejo, o santuário está junto a um importante ponto de confluência da estrada romana de Ebora (Évora) e Pax Julia (Beja).
Nas imediações, existiam vestígios romanos e visigóticos e alguns deles foram incorporados na construção da igreja, como é o caso das duas aras, com inscrições em latim, integradas nos pilares do muro do adro.
O culto local a Nossa Senhora encontra-se associado a várias lendas, constando uma delas numa inscrição na portada da igreja. É um texto em latim que relata que, após a expulsão dos mouros destas terras, um lavrador arava o campo e encontrou dentro de um pote de barro uma imagem que, segundo a tradição, é a mesma que se encontra no altar do Santuário.

sexta-feira, 25 de setembro de 2020

PR4 BjA - Da Planície á Ribeira de Terges













Percurso com cerca de 20 Kms de extensão.
Inicia-se junto ao jardim central de Albernoa, segue-se sempre em frente passando por um antigo lagar até se entrar na estrada de terra batida. Percorrem-se quase 5 km de extensa planície, onde podem ser observados campos de cereais pontuados por azinheiras e zonas de olival tradicional. 
Chega-se ao Monte da Lagoa, importante conjunto urbano que chegou a ter escola primária, hoje totalmente em ruínas, onde se vira à esquerda. 
Passa-se pelo marco geodésico e segue-se na planície até chegar próximo do Monte das Pereiras, onde se vira à direita. Ao longo destes 9 km deve-se privilegiar a observação da paisagem, procurando-se sobretudo as aves que por aqui abundam, uma vez que se está em plena ZPE de Castro Verde, importante zona de conservação da avifauna estepária. Seguidamente percorre-se uma zona de olival, até ao km 10,7, onde se vira à esquerda, passa-se a um monte em ruínas, é assinalável a construção em taipa. 
As cores destas casas confundem-se com as da terra que as rodeia. Em frente observa-se a ribeira de Terges, num enquadramento paisagístico que convida à contemplação. Desce-se em direção à ribeira que deve ser atravessada com cuidado (em alturas de chuvas intensas é difícil passar a pé). 
Prossegue-se com um desvio à direita para visitar o Pego da Moira Linda, uma represa de água com uma beleza surpreendente, que convida ao descanso. Retoma-se o percurso onde foi feito o desvio, à direita, e continua-se em zona de montado. Passa-se ao Monte dos Cardeais seguindo até às proximidades do IP2, através de um percurso paralelo durante um quilómetro. 
Volta-se à esquerda e percorre-se um pequeno troço de alcatrão (estrada que servia uma pedreira que se localiza nas imediações). 
Atravessa-se novamente a ribeira de Terges, desta vez por uma ponte. Alcança-se uma zona de eucaliptal, que antecede a entrada do Monte das Pereiras, atravessa- se seguindo depois pela direita, rumo em frente até à aldeia, entrando-se desta vez pela zona alta da povoação, passa-se a Igreja e chega-se ao fim do percurso.
Pontos de Interesse: Aldeia de Albernoa; Manuel Ribeiro; Monte da Lagoa; Ribeira de Terges; ZPE de Castro Verde; Geologia.

Texto: https://www.ccdr-a.gov.pt/alentejoape/

Fotos da autoria do nosso compadre Rui Isidoro.