quarta-feira, 31 de julho de 2013

As nossas caminhadas


Através das nossas caminhadas e eventos pretendemos promover e valorizar o património natural, material e imaterial do concelho de Viana do Alentejo e arredores, bem como a sensibilização que é sempre transmitida em cada evento para a importância da sua salvaguarda. Além das visitas aos pontos de referência do nosso património imóvel, quem já participou nos nossos eventos teve também oportunidade de aceder a magníficos locais com paisagens sublimes que não veem referenciados nos guias ou roteiros. Teve o privilégio de sentir o cheirinho único da esteva, do poejo e dos orégãos, o artesanato, o contacto directo com as nossas gentes e em alguns dos eventos, no final a prova da magnífica gastronomia, como as migas de poejos, a sopa de cação ou o torresmo do rissol. Apenas alguns dos elementos que compõem as nossas caminhadas e que proporcionam uma série de experiências, que serão posteriormente recordados não só através da memória de cada participante, mas também com as centenas de fotografias que são tiradas em cada evento.

Com uma enorme dose de carolice e empenho, cada evento no final tem uma história, ou não fosse a camaradagem que existe em cada caminhada. Longe de maldiscências e atropelos, apenas limitamo-nos a colocar em prática as nossas ideias e projectos. E é sempre com um enorme orgulho e paixão que mostramos as nossas terras, as nossas gentes e a nossa verdadeira identidade, desprovidos de qualquer artificialismo, facto, que é confirmado por quem adere às nossas caminhadas.
Esta é a essência do projecto Alcáçovas Outdoor Trails.

Deixamos apenas algumas das imagens relativas ao trabalho desenvolvido nos últimos meses, porque são já largas centenas as fotos que temos em arquivo. 
As fotos apresentas no slidshow são da nossa autoria e a música é da faixa 10, do trabalho dos Alencanto, um excelente projecto que existiu até há bem pouco tempo com pessoas do concelho de Viana do Alentejo e que valia a pena o seu regresso, porque também eles deram um excelente contributo para a valorização do nosso património cultural.  
 



  



terça-feira, 30 de julho de 2013

Relembrando o Passado: Aguadeiras...


Aguadeira da ceifa. Capa do nº 21, de Janeiro de 1949, da revista "menina e moça", editada pela Mocidade Portuguesa Feminina.


INTRODUÇÃO
O corpo humano de um adulto é composto por 60% de água, a qual está presente em todos os tecidos e desempenha múltiplos papéis: dissolve todos os nutrientes e transporta-os a todas as células, assim como às toxinas que o organismo necessita de eliminar. A água regula ainda a temperatura corporal através da produção de suor.
Através da transpiração, respiração, urina e fezes, perdemos diariamente cerca de 2,5 litros de água ou mesmo mais, se a temperatura for muito elevada e/ou o esforço físico for intenso. Esta perda deve ser reposta.
As necessidades de água do ser humano dependem das perdas e o bom funcionamento do nosso organismo passa pela água que consumimos. Através dos alimentos obtemos cerca de metade da água necessária, o resto deve ser ingerido, bebendo pelo menos, 1,5 litros de água por dia.

SEDES DE OUTRORA
Noutros tempos, nos campos do Alentejo, bebia-se água de algumas ribeiras, assim como de nascentes e poços. Quem andava nas fainas agro-pastoris, bebia normalmente água por um coxo, feito de cortiça.
Fainas violentas como as ceifas, exigiam que houvesse distribuição regular de água, o que era feito, geralmente por uma aguadeira da ceifa, transportando um cântaro de barro e um coxo, por onde se bebia à vez.
Os pastores na sua vida de nómadas conheciam bem a localização das nascentes e poços, onde matar a sede.
Dos poços a água era tirada com caldeiros de zinco, embora em sua substituição se vissem muitas vezes, à beira dos poços, grandes chocalhos com a mesma função. Lá diz o cancioneiro:

“O' lá Cabeço de Vide,
Toda coberta de neve,
Terra do neto da bruxa,
Quem não traz chocalho não bebe.” [1]

Nas aldeias e vilas, as mulheres iam às fontes, encher os cântaros de barro, que transportavam depois à cabeça, equilibrados miraculosamente pela sogra, que a maioria das vezes não passaria duma rodilha enrolada em forma de anel.
Nas cidades, existiam aguadeiros, proprietários de carro com grade para transporte de cântaros, puxados por muar ou burro. Igualmente os havia com recursos mais elementares. Havia quem transportasse os cântaros em cangalhas de madeira assentes no lombo das bestas. Havia também aqueles que nem besta tinham e efectuavam o transporte dos cântaros em carros de mão, que eles próprios empurravam. Os cântaros usados, eram geralmente em zinco, com tampa, não só para não partirem, como para não entornarem. Cada aguadeiro tinha, de resto, a sua própria rede de clientes certos, que eram abastecidos a partir da fonte que frequentava.

SEDES DE HOJE
Hoje é impensável e desaconselhável beber água de ribeiros e de poços, já que os aquíferos estão contaminados por adubos químicos e pesticidas, quando não por águas residuais, domésticas ou industriais. O mesmo relativamente à água das fontes das nossas vilas e aldeias.
Hoje temos que beber água da rede, muitas vezes com sabor a cloro ou então, água engarrafada. Esse o preço do progresso. Um preço que poderia ter sido evitado, praticando uma agricultura biológica, em equilíbrio com os agroecossistemas, assim como um tratamento e convenientemente encaminhamento das águas residuais, que em muitos casos ainda não é feito. Até quando?
 
BIBLIOGRAFIA
[1] - THOMAZ PIRES, A. Tradições Populares Transtaganas. Tipographia Moderna. Elvas, 1927.
Copiado do blog do compadre Hernâni Matos: http://dotempodaoutrasenhora.blogspot.pt/


segunda-feira, 29 de julho de 2013

Praia de Odeceixe


Desenvolve-se dos dois lados da ribeira de Seixe que faz fronteira com o Alentejo. Praia de Bandeira Azul, tem banhos de mar e de rio. Na vazante aconselha-se a prudência, pois formam-se correntes perigosas, sobretudo nos dois extremos da praia. Na baixa-mar pode andar umas largas dezenas de metros com pé.
A ribeira que desagua no topo Norte da praia proporciona excelentes condições para a canoagem e passeios de barco.


COMO CHEGAR: Para quem vem do Norte pela EN120 (Odemira-Aljezur), se pretender ficar pela margem alentejana, corte à direita à saída da aldeia de Baiona, por uma estrada alcatroada. Este caminho acompanha a ribeira de Seixe, levando-o até à foz da mesma. A outra opção é, logo à saída da ponte sobre a ribeira de Seixe e já do lado algarvio, voltar à direita, entrando na Variante de Odeceixe, e seguir por essa estrada que ao longo de 3 km leva-o directamente até à Praia de Odeceixe.
ACESSO: fácil (rampa e escadas)
INFRAESTRUTURAS DE APOIO: WC; Chuveiros; Parque de Estacionamento; Bar; Telefone.
PRAIA VIGIADA: sim (durante a época balnear)

Informação prestada pela Câmara Municipal de Aljezur:
http://www.cm-aljezur.pt/portal_autarquico/aljezur/v_pt-PT/menu_turista/turismo/praias/praias_odeceixe.htm

Link para visualização de caminhada nesta área: http://pt.wikiloc.com/wikiloc/view.do?id=4806317

domingo, 28 de julho de 2013

A Feira de Alcáçovas

























Privilégio importante e particular, que existia no período medieval para o desenvolvimento das feiras, era a isenção de pagamento de alguns direitos fiscais, que eram concedidos a determinadas feiras que passariam a denominar-se de “feiras francas”.
Até aos séculos XVIII/XIX, a utilidade das feiras, não dependia somente do factor económico, era também factor de aproximação das pessoas, separadas pelos seus lugarejos. De facto as feiras proporcionavam àqueles que estavam, grande parte do tempo isolados no seu canto e privados de uma vida social, o ponto de contacto com o resto do mundo.
A antiga Feira das Alcáçovas que se realizava, onde é hoje o Jardim Público, não diferia em quase nada do contexto atrás referido. Conhecida também pela “ Feira da Conversa”, em toda a primeira metade do século XX, este evento atingiu grande importância a nível regional e mesmo nacional. Vinham ourives do Norte e do Algarve vinham os feirantes vender alcofas. De Évora, vinha o Capadinho vender sapatos, e para tirar fotografias vinha o Sarmento, que chegava a estar nas Alcáçovas oito dias após a feira terminar. As barracas das farturas, ficavam ao lado da antiga Casa do Povo e as barracas de tiro, ficavam do lado de lá da antiga escola. Sempre com um concerto pela banda de música da Sociedade União Alcaçovense, o resto dos espectáculos ficavam a cargo da Companhia Rafael de Oliveira.
Já na segunda metade do século XX, toda a evolução que se assistiu nos meios de transportes, progresso das comunicações, a introdução dos plásticos, bem como outras novidades, foram factores mais que suficientes, para mudar os usos e costumes das comunidades rurais e a Feira de Alcáçovas não foi excepção. O tempo em que tudo era genuíno e em que os namoros eram feitos entre janelas e postigos, dificilmente voltará à Vila de Alcáçovas e com certeza mesmo, será impensável, a Feira de Alcáçovas voltar ao espaço do Jardim Público. No entanto toda a identidade e memória que caracteriza a população de Alcáçovas, não pode ser esquecida, correndo-se o risco de ser criada uma vila sem personalidade, sem história e sem alma. Nesse sentido é um dever que nos assiste a todos, continuar a valorizar este importante evento na Vila de Alcáçovas que já atravessou gerações, actualmente como Feira do Chocalho.

sábado, 27 de julho de 2013

Postais Antigos de Alcáçovas


Esta foto acima foi tirada mais ou menos no mesmo sitio que a foto principal deste blog. Reparem bem, compadres...

As casas que aparecem ainda lá se encontram. Ao lado direito é a casa do Maravilha, do outro lado entre a primeira e segunda casa está a estrada que vai para os Barroncões.
Actualmente, onde vai a passar a senhora e a criança, existe a Rotunda do Chocalho.

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Escola Primária das Alcáçovas
Do lado mais afastado era a parte das raparigas, ao meio era a casa do Diretor da escola e o lado mais perto era o dos rapazes, quando eu entrei para a Escola era o Prof. Monteiro e a D. Gertrudes quem morava lá, depois foi a minha Professora, a D. Alice e o Sr. Ferraz e depois foi o Prof. Mário e a D. Susana. a partir dai acho ninguém mais morou lá . (- Bela Mestre)
 
Gentilmente cedidos pela comadre Bela Mestre, estes postais são retalhos de um passado da vila de Alcáçovas que não devem ficar esquecidos num qualquer album de fotografias antigas. Representam um passado de que nos orgulhamos e não poderemos esquecer, pois os nossos antepassados e o seu duro dia-a-dia são um exemplo para todos nós.
E um povo que perde a sua identidade, não merece ter futuro...
 
 

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Ricardo Lourenço Photography








Fotos do compadre Ricardo Lourenço, retiradas do seu blog http://rlfocus.blogspot.pt/




Portugal Natura procura divulgar e promover a fotografia de natureza e de vida selvagem realizada em Portugal. ​ De dois em dois dias, um grupo de fotógrafos elege e publica uma nova imagem. São visões que ilustram a riqueza do mundo natural português, do Minho ao Algarve, dos Açores à Madeira.  A beleza ganha novas formas e cores a cada dia. Aprecie e partilhe a beleza que o rodeia.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Cozinha de Ganhões


No monte, as refeições da ganharia tinham lugar na chamada cozinha dos ganhões. Aí se sentavam em burros dispostos ao longo de uma mesa comprida e estreita. A cozinha dispunha igualmente de uma lareira espaçosa onde se podia cozinhar em panelas de ferro.
No Outono, no Inverno e na Primavera, as refeições da ganharia consistiam em almoço (antes do nascer do sol), merenda (ao meio-dia) e ceia (ao anoitecer).
Normalmente o almoço, ao levantar, constava de açorda acompanhada com azeitonas. A merenda, no local de trabalho, consistia em pão e queijo, um para cada homem e pão à descrição. A ceia, ao regressar do trabalho, baseava-se em olha com batatas e hortaliças, condimentadas em dias alternados com toucinho ou azeite. No dias de azeite, cada homem recebia meio queijo e azeitonas.
No Verão, as refeições da ganharia constavam de almoço (às sete da manhã), jantar (ao meio-dia) e merenda ou ceia, conforme se comia respectivamente ao sol-posto ou à noite. O almoço constava de sopas de cebola acompanhadas com azeitonas e meio queijo por cabeça.
No início do século passado, ainda persistia o costume de no final da refeição, o abegão juntar as mãos e dizer “Demos graças a Deus.” A malta punha então as mãos e pelo menos aparentemente, todos rezavam e só deixavam de o fazer, quando o abegão se benzia, dizendo: “Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!”. Nessa altura benziam-se e só depois se retiravam.

A vida de ganhão era uma vida dura e humilde, com escassa possibilidade de, por mérito próprio, conseguirem ascender à condição de sota ou de abegão.
Os “ganhões“ eram assalariados agrícolas indiferenciados, que se ocupavam de tarefas como lavras, cavas, desmoitas, eiras, etc., com excepção de mondas, ceifas e gadanhas. A sua actividade está registada no cancioneiro popular:
“Eu sou um ganhão da ribêra,
Da ribêra sou ganhão.
Lavro com dois bois vermelhos
Que fazem tremer o chão.
“Bom arado e bom tomão
Faz’uma bela intanchadura;
Boa junta e bom ganhão
Deitam um rego à d’reitura”.

 

Numa lavoura existiam duas espécies de ganhões: os de pensão e os rasos. Os primeiros ajustados ao ano, pelo S. Mateus e os segundos por temporada de faina agrícola, ganhando estes menos que aqueles.
O conjunto dos ganhões era designado por “ganharia“ ou “malta“ e tinha por dormitório a chamada “casa da ganharia “ ou “casa da malta“, casa ampla que podia acomodar vinte a trinta homens, em tarimbas improvisadas ao longo das paredes. A casa da ganharia tinha sempre uma lareira espaçosa, onde à noite, os ganhões se sentavam nos burros, bancos improvisados com pernadas de azinheira ou de sobreiro. Aí se enxugavam de eventuais molhas, se aqueciam e conversavam pelo serão fora.
A ganharia tinha como mandante o “abegão“, que só recebia ordens do grande lavrador, que o tinha como seu representante em todas as tarefas agrícolas. Era ele que dava as ordens para começar a trabalhar, comer ou parar e que tratava da acomodação e pagamentos da ganharia.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Vila Nova de Milfontes







As margens do Rio Mira são palco da presença humana desde o Paleolítico. Este facto é comprovado pela presença de inúmeros vestígios arqueológicos na zona. São conhecidos instrumentos de pedra lascada, provavelmente fabricados por Homo Erectus, que terão mais de meio milhão de anos.
Durante a ocupação romana da Hispânia, a zona foi também alvo de ocupação. Existindo diversos vestígios arqueológicos, que carecem de um estudo mais aprofundado. Durante a construção da ponte sobre o Mira foram descobertos diversos fragmentos de cerâmica, os quais, infelizmente, ficaram bastante danificados durante a remoção. Pouco depois deste acontecimento, também foi recuperado do fundo do mar, na zona da barra, um cepo de âncora romana.
Do período de domínio muçulmano são poucos os vestígios materiais que existem. Esta presença ficou mais vincada em topónimos que ainda perduram nos dias de hoje, dos quais Odemira e Almograve são exemplos. Durante a última fase de Reconquista, já no início do século XIII, a fronteira entre a civilização islâmica em declínio e os avanços Cristãos fixou-se, temporariamente, a norte do Rio Mira.
No final da reconquista cristã, o litoral alentejano era um território fracamente povoado e com graves carências organizativas, como tal, o rei de Portugal D. Afonso III fez largas doações à Ordem de Santiago como recompensa pelo seu importante papel na guerra contra os mouros. Em 1486, D. João II fundou uma nova vila, no local chamado Milfontes, com o propósito de proteger e desenvolver as transacções comerciais. Desanexou o seu território do concelho de Sines, a que antes pertencia, e criou, deste modo, um novo concelho que durou entre 1486 e 1836.
Por se situar na costa, esta região era frequentemente atacada por piratas, que pilhavam e assaltavam a população e as embarcações. Nos séculos XVI a XVIII, o corso magrebino afligiu as costas portuguesas de forma dramática. Para fazer face a este clima de medo e instabilidade, no final do século XVI foi mandado edificar o forte de São Clemente (castelo de Milfontes).
Vila Nova de Milfontes era uma pequena vila piscatória e como sede de concelho nunca foi um pólo atractivo (no ano de 1801 tinha apenas 1559 habitantes), perdendo este título em 1836 quando foi integrado no concelho do Cercal do Alentejo e posteriormente (1855) no de Odemira ao qual ainda hoje pertence.
Esta localidade está ligada ao grande feito da aviação portuguesa que foi a primeira travessia área entre Portugal e Macau, realizada por Brito Paes e Sarmento Beires. Foi a 7 de Abril de 1924 que os pilotos partiram do Campo dos Coitos, junto a Milfontes, rumo ao Oriente. Em homenagem aos aviadores e ao seu feito histórico, foi erguido na Praça da Barbacã, junto ao forte, um monumento que recorda a heróica viagem.


Ler mais: http://www.vnmilfontes.info/?page_id=4#ixzz2Y9WWF7fU

terça-feira, 23 de julho de 2013

Aerobombas

Aerobombas


As energias renováveis estão, cada vez mais, na ordem do dia. Nem sempre temos presente que a sua utilização remonta a tempos imemoriáveis! Se não veja-se: desde quando se utiliza a energia hídrica ou a energia do vento, em moinhos, para fabricação da preciosa farinha, matéria-prima fundamental à sobrevivência da humanidade, tendo em conta que sem ela não teríamos acesso ao pão nosso de cada dia ?
Não é, contudo, dessa aplicação de energia que quero falar hoje, mas sim da utilização da energia eólica para que o homem possa, em determinadas circunstâncias, aceder a um bem que reputo de mais importante ainda, para todos os seres vivos, que o próprio pão. Obviamente que me estou a referir à água.
Como já adivinharam, o que pretendo é falar de aeromotores ou mais propriamente de aerobombas, utilizadas para bombear água nas mais diversas situações, tanto para abastecimento de habitações para consumo doméstico, como na agricultura para rega.
O "Aermotor Chicago", fabricado nos EUA, desde 1888, foi o mais popularizado deste tipo de engenhos no século XX. Isso deveu-se à fiabilidade que foi sistematicamente melhorada ao longo dos 120 anos da sua exisência o que lhe valeu o apelido de Cadillac do ar. O que começou por ser quase uma brincadeira tornou-se um caso sério de grande sucesso. Ainda hoje continua em produção. É possível com ele extrair o indispensavel líquido de uma profundidade de cerca de oitenta metros. Foi desenvolvido pelo engenheiro Thomas O. Perry e aprovado por Laverne Noyes fundador da Companhia Aermotor.
No primeiro ano de produção apenas foram vendidas 24 unidades. Dois anos depois a área ocupada pelas instalações teve que ser duplicada passando a ocupar um acre. Em 1892, ou seja decorridos apenas quatro anos, desde o início, já as vendas atingiram os 20.000 exemplares! Em 1904 o catálogo da Aermotor já listava vasta gama de acessórios, desde bombas manuais a depósitos metálicos....
Os revolucionários métodos de produção permitiram reduzir os preços para cerca de 1/6!
Em 1915 foi introduzida uma grande inovação que consistiu num sistema de autolubrificação, que ocasionou uma redução drástica nas intervenções de manutenção. Passou apenas a ser necessária uma anualmente.
De 1915 até aos nossos dias o Aermotor Chicago foi produzido em quatro modelos diferentes. O mais frequente é o modelo 702, em produção desde 1933. Os modelos 502 (apenas produzido em 1915) e o 602 (fabricado entre 1916 e 1933) são os menos comuns. Pode mesmo afirmar-se que do modelo 502 são raríssimos os exemplares ainda existentes. A Chicago apresentou o modelo 802 em 1981, que devido ao seu design e à excelente qualidade e fiabilidade se tornou no mais popular sistema de bombagem de água nos Estados Unidos.
Esta popularidade estendeu-se um pouco por todo o planeta. Em Portugal também foram utilizados em escala considerável. Ainda hoje se encontram muitos exemplares, nomeadamente na região de Lisboa. Lamentavelmente quase todos se encontram em avançado estado de degradação. São já mesmo extremamente raros, entre nós, os que ainda se encontram operativos! Chega a ser incompreensível ao estado a que se deixou chegar o parque deste equipamento de grande qualidade e tão amigo do ambiente, como agora se costuma dizer. Até dá pena olhar para as ruinas de muitos, que por aí se encontram, ainda assim apresentam-se na paisagem com alguma imponência. Vão, também eles, morrendo de pé! Segundo julgo saber, uma das causas que contribuiu para que esta siuação se verifique prende-se com a falta de técnicos para proceder à sua reparação e manutenção. Recordo ainda a existência, em Lisboa, situada na Mouraria, no número 32 da Rua joão do Outeiro, da oficina de Augusto Marinheiro, que ao que penso era também importador. Ao que parece chegou a mudar a oficina para a Linha de Sintra, penso que para o Cacém ou por aí assim. Também no Montijo havia quem trabalhasse no ramo.
A peça fundamental do moinho é a roda constituída por lâminas curvas de aço galvanizado rebitadas ao volante, que, por sua vez, é fixado através de grampos à barra curva das jantes.
O funcionamento da denominada American Farm Wind Pump é na sua essência bastante simples. O rotor, de 12 a 24 palas, acciona uma bomba de pistão, utilizando um mecanismo de biela e manivela acoplado a uma barra vertical.
Por favor, não se esqueça, se acaso é proprietário de algum exemplar destes moinhos e se tiver possibilidade, tente recuperá-lo. Se conseguir vai ganhar o ambiente e você vai, estou certo, ficar mais feliz, e até com mais saúde!
Copiado do Blog do nosso compadre João Gil Borges:  http://benquerer-jogilbo.blogspot.pt/

domingo, 21 de julho de 2013

Sopa de Beldroegas
























Sopa de pão e beldroegas...como se diz em alentejano "baldoregas".
Estas ervinhas que muitos não gostam ou não conhecem, nascem em zona de regadio e nem precisam de ser semeadas. Aqui  no concelho de Viana do Alentejo são sempre muito apreciadas, então se as juntarmos com um belo pão alentejano e uns ovos caseiros transformam-se numa sopa deliciosa!

Ingredientes

  • 1 molho de beldroegas
  • 1 cebola
  • 2 folhas de louro
  • azeite
  • sal
  • batatas
  • água
  • ovos
  • pão alentejano
Preparação
Picar a cebola e levar a refogar num tacho juntamente com o azeite, o louro e o sal.
Acrescentar as beldroegas arranjadas e lavadas e refogar mais um pouco.
Juntar água, as batatas e deixar cozer.
Entretanto cortar o pão em fatias finas para uma tigela grande.
Quando as batatas estiverem cozidas, verificar se o caldo é suficiente para a sopa, se achar pouco juntar mais um pouco de água, deitar os ovos. 
Existem zonas do Alentejo onde se acrescentam ainda queijo.


A tarde vem quentinha...


A TARDE VEM QUENTINHA

 E A VINAGRADA ESTÁ A FERMENTAR

 NÃO HÁ NADA COMO UMA SONECA

 PARA A TARDE AJUDAR A PASSAR...

Foto e Poema cedidos gentilmente pelo compadre António Sousa.

sábado, 20 de julho de 2013

Canadas da Planicie








Estas são algumas das fotos de uma caminhada entre Alcáçovas e Monte do Sobral, passando pelas ruinas do  Monte Seixo da Oliveira e sua Azinheira grande, com um total de 18 Kms  (Ida e Volta), efectuada em Abril de 2012. 
Estes passeios pedestres são uma excelente oportunidade de conhecer e fotografar o magnifico Alentejo que nos rodeia e, além de serem gratuitos, não necessitam inscrição prévia, bastando estar atento á informação divulgada através deste blog ou através do grupo Alcáçovas Outdoor Trails, no Facebook.

Para visualização de Percurso: http://pt.wikiloc.com/wikiloc/view.do?id=3865245

sexta-feira, 19 de julho de 2013

O Paço dos Henriques vai ser recuperado


Projeto do arquiteto José Filipe Ramalho põe fim à degração de edifício histórico.
O Paço dos Henriques, em Alcáçovas, vai ser recuperado. Trata-se do local onde foi assinado o Tratado de Alcáçovas, precursor do de Tordesilhas, e que está ao abandono. O projeto de recuperação é da autoria do arquiteto José Filipe Ramalho. As obras avançam depois de o imóvel ter sido cedido pelo Estado ao município de Viana do Alentejo por um período de 20 anos.
Fundado no século XIII, o Paço dos Henriques, também conhecido por Paço Real, conheceu o seu momento de maior esplendor em 1479 quando D. Afonso V ali recebeu uma embaixada dos Reis Católicos (Isabel I de Castela e Fernando II de Aragão) para assinar um tratado precursor do de Tordesilhas.
Através do Tratado das Alcáçovas, Portugal viu reconhecido o seu domínio sobre os arquipélagos da Madeira, Açores e Cabo Verde, ficando Castela com as Canárias e renunciando a navegar para sul do cabo Bojador.
Local de residência dos Henriques de Trastâmara, “senhores” das Alcáçovas, o edifício foi objeto de uma profunda remodelação em meados do século XVI. A última família ali residente saiu por altura do 25 de abril. Depois o imóvel foi sede de uma cooperativa agrícola, antes de ser deixado ao abandono, o que não se alterou com a sua integração no Património do Estado em 1994.
Em declarações ao AEL, o presidente da Câmara Municipal de Viana do Alentejo, Bengalinha Pinto, revela que a intervenção prevista inclui a reutilização do imóvel com várias valências, como biblioteca, posto de turismo e espaço museológico, dotando-o de um auditório e de um núcleo documental. O pátio interior será aproveitado para atividades de ar livre.
“Trata-se da recuperação de um dos monumentos mais importantes do concelho, sendo o seu valor histórico e cultural reconhecido a nível nacional. As ofertas que este equipamento passa a disponibilizar depois de requalificado poderão significar um importante polo de desenvolvimento cultural e turístico para o concelho de Viana e freguesia de Alcáçovas, potenciando assim a atividade económica local”, acrescenta Bengalinha Pinto.
O projeto engloba ações de conservação no horto e jardins do Paço, e na capela de Nossa Senhora da Conceição. “A intervenção incide ainda sobre a reordenação da Praça da República, propondo-se a requalificação urbana da área do conjunto formado pelo Paço Real dos Henriques, a capela, o Horto e os Jardins, que constituem um valioso conjunto arquitetónico, e, enquanto espaço qualificado de cultura e lazer, um motor de regeneração urbana”, explica o arquiteto José Filipe Ramalho, em declarações ao AEL.
“O desafio mais interessante é possivelmente a adequação do programa de utilização ao edifico e às suas reais capacidades garantindo a sua coerência, com respeito pelo material histórico e pela sua estrutura física, promovendo a legibilidade do recurso, a adequação dos materiais, sistemas e técnicas construtivas e o princípio da intervenção mínima”, acrescenta o arquiteto.
José Filipe Ramalho refere que o projeto procurou, “a sustentabilidade da intervenção, tendo em conta a gestão e a manutenção do conjunto, perante os recursos disponíveis”.
Bengalinha Pinto recorda que desde a integração do edifício no Património do Estado apenas foi feita uma recuperação dos telhados. “Por um lado o Estado referia que não tinha disponibilidade financeira para qualquer intervenção, por outro lado os anteriores executivos autárquicos não tiveram a determinação suficiente, nem vontade política, para encontrarem uma solução para o imóvel”.
O autarca diz terem sido entretanto executadas diversas obras de limpeza e manutenção no interior do edifício e nos pátios, designadamente ao nível das portas, paredes e recuperação de pinturas, que lhe conferem “um mínimo de dignidade”.
“Os projetos para recuperação do imóvel e espaço envolvente estão executados e aguardam um aviso de abertura de concursos a fundos comunitários para que a autarquia possa apresentar a respetiva candidatura”, sublinha Bengalinha Pinto, revelando estar em causa um investimento de 1,2 milhões de euros.



Povoação de fundação muito antiga, Alcáçovas situa-se sobre vestígios da via romana que ligava Ebora Liberalitas Iulia (Évora) a Urbs Imperatoria Salacia (Alcácer do Sal), derivando o seu nome da designação árabe Al-qacabâ para "cidadela fortificada", tendo sido repovoada em 1259 por D. Martinho, Bispo de Évora, que lhe concedeu foral, antes de D. Afonso III (1210-1279) a elevar a vila após incluí-la nos bens da Coroa.
O seu posicionamento estratégico no território português, assim como a adaptação, por iniciativa de D. Dinis (1261-1325), de um dos castelos a residência real, e a obtenção, das mãos de D. Afonso V (1432-1481), do primeiro senhorio de Alcáçovas, por parte de D. Fernando Henriques, foram, certamente, razões suficientes para que o "Paço dos Henriques" fosse palco de múltiplas cerimónias de assinalável envergadura e importância política e social. Uma relevância acentuada quando da assinatura do Tratado de Alcáçovas, em 1479, que pôs termo à guerra de sucessão da coroa castelhana.
A par da casa, propriamente dita, a classificação abrange a área ajardinada e a capela de Nossa Senhora da Conceição edificada no século XVII, para a qual foi necessário remodelar profundamente a área habitacional.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Elvas Islâmica





A população islâmica chega aqui no início do séc. VIII. Elvas chamava-se então Ialbax e tinha ainda uma velha fortificação romana, mas continuava a ser um ponto estratégico. Por isso mesmo Ibn Marwan quis construir aqui uma cidade, bem junto à importante medina de Batalyaws (Badajoz).
No início do séc. X já a cidade de Elvas, ou Ialbax, era fortificada. A primeira fortificação islâmica teve o seu início por volta de 913, um período conturbado em que várias cidades foram mandadas fortificar pela dinastia dos Jillîqîs.
No séc. XI, Ialbax era já uma agloremado populacional importante, na esfera de Batalyaws. Beneficiava não só desta cercania, mas também de estar situada numa posição estratégica junto a uma rede viária ainda romana que ligava entre outras as povoações de al-Qasr (Alcácer do Sal), Chantirein (Santarém) e Ushbûna (Lisboa) a Batalyaws e de um local ideal no topo de uma colina. Por todos esses motivos a povoação ia crescendo em tamanho e em termos populacionais e no século seguinte havia que construir outra muralha que abraçasse todo o casario que foi nascendo já fora da cerca primitiva.
A nova cerca foi construída com diversas portas de entrada, das quais apenas conhecemos parte. A segunda muralha islâmica seria diversas vezes alterada durante os vários séculos no que diz respeito às suas entradas. No entanto, como portas ainda construídas durante o período islâmico identificam-se a Porta dos Banhos ou Porta Ferrada , junto à actual igreja de São Pedro, a Porta do Bispo e a Porta de São Martinho.
Das suas construções há a salientar, para além das novas muralhas atrás abordadas, o seu castelo, a cisterna árabe e pelo menos uma mesquita.
É esta medina que tentará ser conquistada pelos reis cristãos a partir do séc. XII. D. Afonso Henriques terá entrado em Elvas mas a cidade seria reconquistada pelos mouros pouco tempo depois.
Em 1226, já com D. Sancho II o cerco e a chacina voltam a ser infrutíferos. É em 1229 que os seus homens conseguem finalmente conquistar a fortaleza, talvez já com menos militares a defendê-la.