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quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Estações do Sul






Para mim, o Alentejo começava e acabava no Barreiro. Era ali que o barco vindo de Lisboa nos deixava para apanharmos o comboio, rumo ao Sul. Ou o contrário...
Sentia-se já o cheiro do Alentejo, misturado com a maresia. E, a locomotiva da CP deixava uns passageiros e aguardava por outros.
Os alentejanos estavam ligados a esta Linha do Sul como se de um cordão umbilical se tratasse: Era por ali a única porta de acesso á grande cidade, num tempo em que não havia estradas de jeito e automóveis eram quase inexistentes.
Na automotora, encontrava-se gente de todas as terras da planície. Porque a Linha dividia-se em Ramais ao longo da viagem: o Ramal de Praias do Sado, na estação do Pinhal Novo; o Ramal do Setil, na estação de Vendas Novas; o Ramal de Montemor-o-Novo, no apeadeiro de Torre da Gadanha e, em Casa Branca, a linha dividia-se em duas: Évora ou Beja.
A de Évora continuava para Norte e servia as localidades daquele lado do Alentejo, a de Beja continuava até ao Algarve...
O vai-vem de comboios era continuo, levando e trazendo gente, separada por três Classes: a 1ª , para gente rica e selecta, a 2ª, para remediados e a 3ª, para gente pobre, mesmo pobre...
E, nas carruagens, eram uma amalgama de gente com alcofas, galinhas, perus, garrafões de vinho e azeite. Os velhos estafetas jogavam á sueca e riam-se desdentados, enquanto camponeses magros abandonavam os campos, rumo ás industrias do Barreiro, Amadora ou Seixal.
Naquele tempo, apanhar o comboio era o nascer da esperança para uma vida melhor e assim foi para algumas gerações de alentejanos...

sábado, 13 de julho de 2013

Panoias (Ourique)



É uma das importantes freguesias da sede de concelho, a dezanove quilómetros da freguesia-sede.
Em termos eclesiásticos, foi um priorado e comenda da Ordem de Santiago. O seu prior tinha de rendimento anual cento e cinquenta alqueires de trigo, cento e vinte de cevada e vinte mil réis em dinheiro. D. Afonso III deu-lhe carta de foral e D. Manuel concedeu-lhe foral novo em 1512.
O concelho de Panóias incluía o direito de representação nas Cortes, às quais podiam assistir dois juízes seus representantes, três vereadores, um procurador, um escrivão da Câmara e órfãos, um tabelião do judicial e notas, um alcaide e uma companhia de ordenanças. Estes números demonstram a importância que Panóias adquiriu nessa altura.

O seu brasão de armas era: em campo azul, dois braços de homem, cruzados, com as mãos apontando para cima, um vestido de amarelo e outro de carmim. No meio dos braços, pode ver-se uma cabeça de homem com barbas e cabelos loiros, compridos, que representam Jesus Cristo. Ou seja, o trabalho do homem perante a divindade de Deus.
Com o decorrer dos séculos, no entanto, a sua importância foi decrescendo, ao ponto do concelho ser extinto 1836, na sequência de uma vasta reorganização administrativa do País. A freguesia passou nessa altura para o concelho de Messejana, e só em 24 de Outubro de 1855 para o de Ourique.
A igreja de S. Romão, no lugar do mesmo nome, representa uma arreigada tradição da freguesia: diz-se que aqui foi sepultado o santo daquela invocação. Foi um mosteiro de eremitas de Santo Agostinho, que procuravam na solidão o refúgio indicado para as suas almas. Ainda restam alguns vestígios da presença dessa comunidade monástica. Na igreja Matriz, por seu lado venera-se uma cabeça que se diz ser de S. Romão. A ser verdade, estaria deslocada do corpo, que está na capela do seu nome! Está guardada num relicário de prata.
A esta freguesia está ligada uma outra tradição do Baixo Alentejo: a noiva de Panóias. Chama-se noiva de Panóias à mulher que demora muito tempo a ataviar-se para depois aparecer mal vestida e desarranjada. Diz-se que em honra de uma mulher da terra que demorou a arranjar-se três dias e três noites para a cerimónia, e chegou lá embrulhada numa esteira.
É uma freguesia que se dedica sobretudo ao sector primário. Curiosamente, tem neste momento quase tantos habitantes como tinha em 1820. Nesse ano, eram 770 aqueles que vivam em Panóias, actualmente são pouco mais.
Orago: S. Pedro
População: 875 habitantes
Actividades económicas: Agricultura, pecuária e pequeno comércio
Feiras: Anual (3º fim-de-semana de Julho)
Festas e romarias: Festas de Panóias (2.º fim-de-semana de Julho) e S. Romão (2.º fim-de-semana)
Património cultural e edificado: Igreja matriz, igreja de S. Romão, buraco dos Mouros e mina do Moutinho
Outros locais de interesse turístico: Barragem Monte da Rocha e Caça
Gastronomia: Gaspacho, açorda, sopa de ceifa, sopa de tomate, ensopado de borrego, jantar de feijão ou grão, doce de abóbora, arroz-doce e doce de figo
Artesanato: Trabalhos em cortiça, madeira e buinho e rendas e bordados.
Colectividades: Clube Desportivo e Cultural de Panóias, Clube columbófilo de Panóias e Grupo Instrumental “Os Sons do Campo”.