sexta-feira, 31 de março de 2017

Simbolos das Chaminés da Raia Alentejana

A Raia alentejana, a fronteira entre Portugal e España, conserva muito da sua Identidade Cultural. Esta identidade é muito forte no urbanismo e arquitectura dos espectaculares povoados alentejanos. Nos vários elementos que fazem parte do quotidiano: a taberna, o lagar, as fontes, os fornos, as azinhagas ….. os montes.
As casas alentejanas, em quintas ou aldeias, de paredes grossas de taipa reforçadas por gigantes (contrafortes) e por gatos (reforços metálicos); de cantos boleados de tanta vez que foram lavadas (caiadas) de branco para reflectir o calor, com a sua barra também em volta de janelas e portas, o azul da barra afastando os insectos e protegendo o branco; de espectaculares chaminés como elemento central logo ali à entrada das casas.
As chaminés alentejanas podem ser simples ou verdadeiras obras de arte variando muito de forma. Encontramos as quadrangulares mais simples e de construção mais recente; as cilindricas de construção industrial do século XVII e XVII; as chaminés de escuta (rectangulares) surgem em maior quantidade sendo de maiores dimensões, a casa alentejana parece ser construída em volta destas chaminés, são provavelmente a mais típica chaminé alentejana e delas existem histórias desde a Idade Média. As chaminés surgem noutras formas mas menos comuns e derivadas das anteriores.
Na sua Identidade Cultural a Raia alentejana conservou muitas crenças ancestrais, estas reflectem-se na toponímia, nas festas e na simbologia. Encontramos a Ribeira do Lucefécit e o Deus Endovélico no Alandroal, a Pedra dos Namorados em Reguengos de Monsaraz, as Festas da Santa Cruz um pouco por todo o lado e as Chaminés de Ouguela em Campo Maior, só para dar alguns exemplos.
Nas Chaminés encontramos muita decoração e simbologia. Na decoração destaca-se a data em que foi construída ou recuperada; no topo das chaminés temos muitas figuras em cerâmica de animais ou simplesmente uma cantarinha; as decorações geométricas surgem com losangos e triângulos que nos fazem lembrar as decorações das placas de xisto do Megalitismo. Os Símbolos protegem a chaminé em si, a casa e os seus habitantes. São símbolos do cristianismo, com muitas cruzes, vários foram adoptados de outras religiões. Estes surgem em contextos arqueológicos e históricos desde a Pré-história. Destacamos o Pentagrama, a Roseta Hexapétala e a Suástica.
O Pentagrama é um símbolo de protecção muito comum na Raia alentejana, surge em portas, janelas, bancos, fornos, desde a Idade Média. Conhecido por “Sino Saimão” na Raia que é uma adulteração de “Selo de Salomão”. O Pentagrama era o símbolo que estava no anel com o selo do Rei Salomão de Jerusalém. Provavelmente chegou à Ibéria com os Cavaleiros Templários, que tinham sede em Jerusalém, encontramos muitas cruzes desta ordem associadas a Pentagramas e muitos Pentagramas em edifícios associados ao Templários.
A Roseta Hexapétala é outro símbolo de protecção, surge desde a Idade do Bronze e foi assimilada pela cultura romana. É dos símbolos mais frequentes em contextos da Idade Média. Várias Rosetas Hexapétalas formam a “flor da vida” que encontramos na calçada em frente da Igreja Matriz de Viana do Alentejo.
A Suástica é um símbolo de protecção com origem na Índia e assume várias formas. Os mosaicos romanos têm quase sempre várias Suásticas numa forma que nos deixa más recordações. À forma que surge nas chaminés alentejanas podemos chamar de “Lauburu”, nome dado pelos Bascos e seu símbolo nacional. O “Lauburu” aparece em contextos medievais por exemplo na Igreja Matriz de Juromenha.
Na Vila de Ouguela em Campo Maior temos todos estes símbolos na mesma rua, nas chaminés de duas casas infelizmente em mau estado. Numa encontramos um espectacular Pentagrama e noutra um par de Suásticas e um par de Rosetas Hexapétalas. Encontramos paralelos na Aldeia dos Motrinos em Reguengos de Monsaraz e na Aldeia das Hortinhas no Alandroal. Estes símbolos viajaram de terras distantes através dos tempos e sobreviveram nas chaminés de Ouguela e na Identidade Cultural da Raia Alentejana.

Roseta Hexapátala

Pentagrama
Suástica Lauburu

Chaminé na Vila de Ouguela


Chaminé na Vila de Ouguela

Chaminés na Aldeia de Motrinos

Chaminé na Aldeia das Hortinhas
Texto e fotos copiadas do blogue do nosso compadre e amigo Luís Lobato de Faria, https://tripalentejo.blogspot.pt/

quinta-feira, 30 de março de 2017

Passeio de Kayak



Aprecio os bandos de aves que assusto com a minha presença.


Aprecio os paus que adornam a paisagem.





E remo pela maior enseada até atingir o canal que alimenta esta barragem.
Copiado do Blogue: http://espaco-tempo-silencio.blogspot.pt/

quarta-feira, 29 de março de 2017

Pedra Mármore



A PEDRA-MÁRMORE ALENTEJANA
Para falarmos do mármore alentejano, temos de recuar a um oceano antigo que aqui existiu há mais de cinco centenas de milhões de anos e admitir que houve, neste local do território, mas a uma latitude mais baixa (como a dos actuais mares tropicais), um mar litoral propício à proliferação de organismos, bem diferentes dos actuais, mas todos eles construtores de esqueletos de natureza calcária.
Foi durante a formação da grande cadeia de montanhas (orogenia varisca ou hercínica, de há 380 a 280 milhões de anos) que, a par de xistos, grauvaques, quartzitos e granitos (que formam a ossatura da Península Ibérica), nasceu o mármore, por transformação do dito calcário.
O mármore apresenta nova textura cristalina relativamente ao calcário que lhe deu origem. Os respectivos grãos minerais são aproximadamente todos do mesmo tamanho (equidimensionais), entre grosseiros e muito finos, e sem orientação.
Neste último caso (o do grão mais fino) constitui um material susceptível de ser esculpido em estatuária da mais delicada.
Os mármores calcíticos de Vila Viçosa, Borba e Estremoz, os de Viana do Alentejo ou os de Trigaches resultaram deste tipo de metamorfismo e fazem parte do conjunto de rochas pregueadas e metamorfizadas durante a citada grande orogenia do final da era paleozóica.
Menos importantes do ponto de vista económico, citam-se, ainda, os mármores de Sousel, Elvas, Escoural, Alvito e Ficalho. Merece, ainda, referência o mármore branco de Vimioso (esgotado), em Santo Adrião, no Nordeste transmontano.
(Prof. António Galopim de Carvalho)

terça-feira, 28 de março de 2017

Minha Terra é Lua-Cheia !...


MINHA TERRA É LUA-CHEIA...

Meu berço de luz e “fado”
Tem estatuto de aldeia!
Em sentido figurado
Minha terra, é Lua-cheia
I
Minha raiz de aloendro
Expande-se em terra raiana,
Junto do Rio Guadiana
É corrente à qual me prendo,
É fonte onde vou bebendo
Ali no meio do montado ,
É o mais lindo povoado
Cita, a “Mina do Bugalho”
Terra de amor e trabalho
MEU BERÇO DE LUZ E “FADO”
II
Tem o Alandroal a poente
E a sul terras de Espanha,
A leste fica Juromenha
E Elvas logo mais à frente.
Minha terra, luz fulgente
Em si, o amor campeia,
Por graça, chamo-lhe feia
Faltando assim à verdade,
Podia ser uma cidade,
TEM O ESTATUTO DE ALDEIA!
III
A minha terra é alvura
De azul e branco vestida,
É noiva comprometida
Faz jus à sua cultura,
É uma tela em pintura
De um Éden ajardinado,
É feitiço bem vincado
Da mais bonita mulher,
Será tudo o que eu quiser
EM SENTIDO FIGURADO
IV
Tem um Zoo em campo aberto
Que lhe dá mais colorido,
Lugar ao Sul, esquecido,
Longe de tudo e tão perto!
Nunca foi, nem é deserto
Porque, boa fama granjeia,
É meu canto de sereia,
É meu sol de Primavera,
É a noite que me espera,
MINHA TERRA, É LUA-CHEIA!
Tiago Neto

segunda-feira, 27 de março de 2017

Carne de Conserva



Hoje retirei da minha mochila o livro de recordações e viajei até à gastronomia da minha infância...
Belos dias de férias passados no campo, onde a água límpida da ribeira nos convidava a nadar no verão, e onde se pescava peixe para a caldeta temperada com hortelã da ribeira que crescia nas margens! O sabor inconfundível do leite ao pequeno almoço acabado de ordenhar, os ovos frescos do galinheiro com os quais se faziam fatias douradas bem polvilhadas com açúcar amarelo e canela, o sabor ímpar de  uma maçã madura comida  debaixo da macieira... O calor reconfortante da grande chaminé na cozinha, onde no Inverno se  faziam  torradas de pão Alentejano  em lume de chão e se barravam com manteiga corada!...

Manteiga corada!

Quem não cresceu no Alentejo, provavelmente não sabe do que se trata!

Antigamente no Alentejo não existia electricidade. Hoje é impensável vivermos sem os nossos frigoríficos, mas os nossos antepassados mesmo sem frigorífico, desenvolveram técnicas de conservação de alimentos.
Como todos sabem o Verão no Alentejo é extremamente quente, o que acelera o processo de decomposição dos alimentos, no entanto, matava-se o porco no Inverno e a carne era conservada todo o ano.
O modo de conservação era a salgadeira. Uma arca de madeira, cheia de sal grosso, onde se introduzia a carne e os enchidos, ficando completamente tapados de sal. Depois, tapava-se com uma tampa de madeira para evitar que a luz entrasse e assim se conservava a carne de porco durante muitos meses.
Quando se cozinhava, colocava-se demolho umas horas antes para se extrair o excesso de sal.

Outra forma de conservação da carne de porco era a "Carne de Conserva"

Quando se temperava a carne para as linguiças, juntava-se a essa carne uns pedaços inteiros de febra,  toucinho e costelas de porco. 
No dia que se enchiam as linguiças, essa carne era frita em banha de porco e ficava dentro do taxo de barro, completamente tapada com a banha da fritura.
Deste modo a carne ficava conservada em banha, e podia ser consumida ao longo de um período de tempo mais alargado.

Com esta carne confeccionavam-se vários pratos típicos alentejanos, como as migas com carne de porco!

No entanto, quando se comia a carne, sobrava a banha da fritura, à qual se chamava "manteiga corada" 
Essa manteiga servia para barrar o pão!

... E posso garantir que uma torrada de pão caseiro em lume de chão, barrada com esta manteiga, é algo que não se esquece!


Deixo-vos a receita da carne de conserva!



Ingredientes

Carne de porco - (febra, costelas e toucinho)
Pimentão moído
Alho moído
sal
Banha de porco caseira para fritar





Corte a carne em pedaços médios e tempere com pimentão moído, alho moído e sal!
Deixe ficar de um dia para o outro a tomar gosto!
(Eu não coloquei toucinho)





No dia seguinte prepare o lume de chão! 

Não convém que o lume esteja demasiado forte, para a carne fritar lentamente.
A lenha deve ser de azinho!





Coloque a banha ao lume num tacho de barro até derreter.





Junte a carne temperada e deixe fritar lentamente.









Esta carne pode ser servida de dezenas de formas... desde um simples petisco para o lanche, com pão mole Alentejano e um tinto da região,  até vários tipos de migas Alentejanas!... 

Copiado integralmente do Blogue: http://viajardemochilaascostas.blogspot.pt/

domingo, 26 de março de 2017

Omelete de Silarcas e Espargos







Compadres, por estes lados aproveitamos tudo para fazer um bom petisco...
Com pouco se faz a festa aqui no Alentejo: Azeite, sal, coentros, espargos, silarcas, ovos , cogumelos e louro, tudo biológico . . .
Fotos da autoria da nossa comadre amiga Anabela Fialho...

sábado, 25 de março de 2017

De Viana do Alentejo a Vila Nova da Baronia










Na passada semana, os guias locais do Projeto Alcáçovas Outdoor foram fazer um reconhecimento de percursos entre Viana do Alentejo e Vila Nova da Baronia, com vista a que, no futuro, esta encantadora vila do concelho do Alvito esteja ligada á Grande Rota do Montado, rede de percursos pedestres que ligarão todas as localidades do Alentejo Central.
Com muita pena nossa, ao seguir a Carta Militar da área, detectámos que no concelho do Alvito, existem caminhos rurais que foram suprimidos pelos proprietários e que actualmente se encontram completamente vedados. Perguntamos a quem de direito: Esta situação é legal?
Poderá um latifundiário apropriar-se e fazer desaparecer caminhos rurais que desde sempre foram usados pela população e serviram as rotas de transumância dos rebanhos durante séculos?
Pode-se destruir uma paisagem magnifica com arames farpados, vedações e cancelas fechadas a cadeado?
E poderá fazer isso com impunidade?
Fica aqui a pergunta....
De modo algum queremos negar a alguém o legitimo direito á sua propriedade privada, mas os caminhos rurais pertencem a todos nós e não a um único proprietário.
Câmaras Municipais, Juntas de Freguesia, povo alentejano, abram os olhos e reajam, se puderem...
Qualquer dia só conseguiremos sair das nossas vilas e aldeias pela estrada alcatroada...


sexta-feira, 24 de março de 2017

Pôr do Sol na Carrasqueira...








Palavras para quê?
Estas são fotos da autoria do nosso compadre e amigo Paulo Nascimento, captadas ao Pôr do Sol no Cais Palafitico da Carrasqueira.

Junto à pequena aldeia piscatória da Carrasqueira, o engenho popular toma forma e com alguma criatividade desvenda uma solução curiosa para resolver o problema do acesso aos barcos durante a maré baixa – o porto palafítico.

As margens baixas e lamacentas do Sado impossibilitam o acesso às embarcações sempre que a água teima em não chegar a terra. Como resposta, a comunidade em franca necessidade, construíu um cais em madeira, cujos múltiplos braços penetram em ziguezague pelo sapal, formando por um lado, uma vasta área de atracação de barcos e por outro, um passadiço por onde podem circular facilmente redes, apetrechos e pescado.

Há mais de dois séculos que este porto tão tradicional tem servido de ancoradouro às embarcações locais.

E ao pôr do sol, quando a água se transforma num espelho e o silêncio desce sobre o rio, percorrer este local, único na Europa, pode transformar-se numa experiência inesquecível.

Texto copiado do site: http://www.herdadedacomporta.pt/pt/

quinta-feira, 23 de março de 2017

Grande Rota do Guadiana








Esta Grande Rota começa no Alentejo, em Pomarão (Mértola) e atravessa toda a faixa fronteiriça do Algarve, percorrendo trilhos junto ao Rio Guadiana e acabando em Vila Real de Santo António, ligando-se com a Via Algarviana.
Trata-se duma Grande Rota lindissima, que passa em várias terras muito interessantes, como Alcoutim ou Castro Marim e que recomendamos a todos os pedestrianistas...

Fotos gentilmente cedidas pelo nosso compadre e amigo Luis Contente.