sábado, 31 de março de 2018

Urtigas...




Porque estamos quase em plena época das folhas novas e tenras da urtiga, achei por bem colocar este artigo para desta forma incentivar ao seu consumo, muita gente desconhece ainda os seu benefícios e quando a vêm crescer no quintal, julgam-na uma erva daninha, apanham-na e jogam fora, grande erro. Ora preste atenção a este artigo, tenho a certeza que a partir daqui vai olhar de maneira diferente para uma urtiga.

Planta originária da Europa e da Ásia, a urtiga foi provavelmente uma das primeiras plantas a ser utilizada pelo Homem, o seu uso remonta à idade do bronze, quando se empregavam as fibras de urtiga no fabrico de vestuário e um pouco mais tarde utilizado também no fabrico de papel.

            Existe um facto curioso dos soldados romanos, quando estacionados no norte da Europa, onde cultivavam aí a urtiga, para depois se esfregarem com ela, a fim de suportarem melhor o frio. Faz sentido porque o nome botânico desta planta vem do latim «urere» que significa “queimar” e que tem a ver com o seu carácter urticante.

            Mais tarde, na Noruega, Dinamarca e Escócia deram continuidade ao cultivo da planta, que com ela fabricavam fatos grosseiros para os marinheiros assim como redes de pesca. Mesmo depois do linho ter começado a ser mais apreciado, o fabrico de fibras de urtiga continuo até ao século XIX, principalmente na Escócia. Mas o uso da urtiga na indústria têxtil durou ainda atá ao século XX. Durante a Primeira Grande Guerra Mundial, os uniformes dos soldados alemães eram feitos de fibras de urtigas. Hoje a urtiga é utilizada como planta medicinal, comestível e fonte de clorofila.

Urtiga branca


            A urtiga a que me refiro, é a urtiga mais comum, com nome cientifico «urtica dioica», pertence a uma família diferente da urtiga branca. Não se devem confundir, ainda que o seu especto seja muito semelhante, mas a urtiga branca não “pica”, ou seja, não tem características urticantes. As flores da urtiga branca são também bastante diferentes das da urtiga comum. Contudo, estas plantas têm algumas propriedades em comum: ambas são benéficas em casos de reumatismo e gota (especialmente a branca) e obstipação; uso externo em casos de contusões e queimaduras. As sumidades florais de ambas as plantas são ricas em taninos e mucilagens.


Urtiga dioica


            Porque “pica” a urtiga? É simples perceber, nesta planta existem diversas substâncias, principalmente a histamina, acetilcolina e ácido fórmico que, quando entram em contacto com a nossa pele, provocam a dilatação dos vasos sanguíneos e uma espécie de inflamação. As substâncias agressivas ficam armazenadas em minúsculos pelos que se espalham pelo caule e folhas da planta. A parte inferior do pelo apresenta incrustações de cálcio, o que lhe dá rigidez, mas a ponta é frágil e rompe-se ao mais ligeiro toque.

Folha da Urtiga


            A urtiga gosta de terrenos húmidos e frescos, não muito expostos ao sol directo. Encontram-se por quase toda a parte, sobretudo nos terrenos incultos, bosques e nos caminhos dos campos. É muito abundante no Alentejo. Planta vivaz e muito rústica (consegue resistir até 45ºC negativos!), mal se lhe toca liberta uma substância urticante, que está na origem do seu nome. A urtiga multiplica-se por semente, divisão dos pés, ou por estaca. A distância normal entre as plantas deve ser 30-6º cm.

            A urtiga é muito rica em vitaminas, sobretudo as do grupo B, também vitaminas C e K, betacaroteno, minerais como o magnésio e o ferro, oligoelementos, aminoácidos e proteínas, cálcio, sais e fosfatos. Nas folhas encontra-se uma substância histamínica e ácido fórmico. No resto da planta, taninos, mucilagens e vitaminas. É excelente para combater a queda de cabelo e a fragilidade das unhas, devido à presença de ferro, de silício e das vitaminas B2 e B5, pelo que tem um bom poder de remineralização. Como é rica em vitamina C, indispensável para uma boa absorção do ferro, torna-se um grande inimigo da anemia e dos problemas circulatórios, sendo também recomendada para um bom equilíbrio feminino aquando da menopausa. Através de estudos verificou-se que a planta estimula a secreção láctea, reduz o teor de ácido úrico e tem um papel muito eficaz no alívio das artroses, crises de gota e artrites, bem como outros problemas reumáticos. As cataplasmas de folhas de urtiga têm grande efeito sobre os eczemas e outras doenças de pele. A urtiga possui ainda propriedades depurativas do sangue, fazendo baixar o teor de glucose no sangue e estimulando a irrigação sanguínea de todas as partes do corpo. É uma planta indispensável ao metabolismo e à saúde do sistema vegetativo. Combate também o entorpecimento dos membros. E com a urtiga pode ainda fazer um excelente champô anti-caspa.


CHAMPÔ ANTI-CASPA
  • 300 g de urtigas (planta inteira)
  • água
  • champô neutro líquido para bebés
  • algumas gotas de tangerina
Ferva durante uns 2-3 minutos 100g de urtigas num litro de água. 
Deixe repousar 30 minutos e depois filtre.
Junte mais 100 g de urtigas e ferva de novo durante cerca de 2-3 minutos.
Deixe repousar mais 30 minutos e filtre.
Junte as restantes urtigas e ferva de novo durante 2-3 minutos.
Deixe repousar mais 30 minutos e filtre.
Adicione então ao líquido obtido um volume igual de champô neutro para bebé, junte algumas gotas de tangerina e deite num frasco, agitando bem para misturar.
Utilize como qualquer outro champô
Será um anti-caspa excelente, que evitará também a queda de cabelo.


            Na Escócia foi onde a urtiga foi desde sempre mais apreciada e cultivada, não é de estranhar que um dos seus pratos tradicionais seja à base de urtigas. Também na Rússia se utiliza a urtiga na confecção do tão conhecido «chtchi». Segundo pesquisas, ainda hoje em dia as civilizações mais antigas da Austrália utilizam um género de um medicamente externo artesanal à base de urtigas para friccionar os entorses, e com folhas fervidas fazem cataplasmas. Na Ucrânia, as urtigas servem para pintar de verde os ovos de Páscoa. Um pouco por todo o mundo, esta planta é conhecida pelos vários benefícios que tem, sendo consumida de diversas formas: chás, em folhas, em receitas culinária ou bebidas, etc. Também no fabrico artesanal de queijos, há quem use a urtiga em vez do coalho, embora a coagulação não tenha o mesmo grau de satisfação, o queijo fica com um gosto bastante agradável, o que o torna especial. Quando ainda é tenra e nova, a urtiga é um legume excelente. Não por experiência minha, mas por comentários de quem já bebeu infusões de urtiga, que é uma bebida muito sem gosto mas bastante benéfica para a saúde.

PARA SUBSTITUIR O COALHO NO FABRICO DE QUEIJO
  • 1/4 de infusão de urtiga, muito bem concentrada
  • 50 g de sal
- Utilizar 1 colher de sopa desta infusão por cada 2 litros de leite.


            Para os amantes da jardinagem, a urtiga que, à primeira vista não cai em graça e torna-se até um pouco indesejável, é uma excelente auxiliar, especialmente na agricultura. Se fervermos urtigas em bastante água, e com a água depois de completamente fria, regarmos as plantas do jardim, podemos desembaraçar essas plantas de doenças como o míldio, e também parasitas como o piolho, ou seja, também pode ser utilizada para sideração, que consiste no enriquecimento e melhoria do solo, através da incorporação de plantas que crescem no próprio local. A urtiga também é excelente para activar a decomposição do estrume orgânico. A urtiga é igualmente cultivada para a extracção da clorofila e como forragem para o gado bovino, para as aves e para os coelhos. As vacas e cabras que se alimentam com urtigas, dão melhor leite e mais abundante, com mais nata e sabor mais açucarado.

            Conforme o fim para que se destina, da urtiga utilizam-se as extremidades novas e tenras (sobretudo em Abril), a planta inteira (de Maio a Setembro) e a raiz (de Agosto a Outubro). O corte das plantas deve ser efectuado nas horas de menos calor e sem sol directo.

Já na Roma antiga havia quem comesse as urtigas cozinhadas como se fossem espinafres. Actualmente em Portugal a urtiga é bastante utilizada em receitas culinárias ou outras como o chá de urtiga que tem efeito desintoxicante, anti anémico e diurético, por possuir clorofila. Em baixo estão algumas receitas onde a urtiga é ou pode ser mais utilizada.


       
Para preparar a planta para receitas e eliminar o seu efeito urticante, passe-a por água fria e mergulhe-a em água a ferver. Se por acaso for alérgico(a) ao efeito urticante da planta e se picar antes de efectuar esta operação, um dos remédios caseiros mais rápidos e popular é espalhar sumo de limão sobre a zona afectada. O azeite e a cebola também podem ajudar e, por vezes, até basta espalhar a nossa própria saliva várias vezes sobre a zona afectada até acalmar. Se nada disto resultar, então passe pela farmácia e peça um conselho ao farmacêutico sobre que creme usar. Eu apanho as urtigas com umas luvas calçadas.

Muito importante. Não deve apanhar urtigas que estejam a menos de 50 metros das estradas com grande circulação porque captam o chumbo lançado pelos canos de escape dos carros.

Pode apanhar as urtigas com a ajuda de umas luvas ou pode comprar a planta já processada e pronta para uso, claro que se a apanhar sai mais barato e tem outra qualidade.


Sopa de Urtiga

Ingredientes:
  • 500 g de folhas de urtiga (frescas e novas)
  • 1 cebola
  • 2 batatas médias
  • 1 ramo de tomilho
  • sal
  • azeite
  • courtons (facultativo)
Preparação:

Apanhe as urtigas, lave-as e retire as folhas, que deve picar grosseiramente.
Entretanto, refogue numa panela com um pouco de azeite a cebola cortada às rodelas e, quando estiver loirinha, adicione as batatas cortadas aos bocados, um litro de água e o ramo de tomilho.
Tempere com sal e deixe cozer até as batatas estarem boas para passar a puré com a varinha mágica.
Depois, junte as urtigas e deixe cozer por cerca de 10 minutos.
Sirva com courtons.


Chá (Infusão) de Urtigas

  • 1 colher de sopa de folhas de urtiga para cada litro de água
  1. Ferva por 3 ou 4 minutos a partir do momento em que inicia a ebulição, depois desse tempo retire do fogo, deixando repousar tapado por cerca de 15 minutos para apurar.
  2. Depois coe e sirva o chá. (Pode tomar até 3 chávenas por dia)
Também pode ser tomado frio.



Esparregado de Urtigas

Ingredientes:
  • urtigas
  • 3 dentes de alho
  • 3 colheres de sopa de azeite
  • sal
  • pimenta
  • noz-moscada
  • 1 ou duas colheres de farinha
  • leite
Preparação :

Com cuidado, escolha, lave e coza as urtigas.
Pique-as.
Descasque os alhos, pique-os e leve-os a alourar num pouco de azeite.
Junte as urtigas e deixe saltear.
Reduza-as depois a puré e leve-as de novo ao lume..
Polvilhe com farinha e regue com leite.
Tempere com sal, pimenta e noz-moscada.
Deixe cozer, mexendo sempre para não pegar, durante 10 minutos.
Sirva com umas gotinhas de limão.

NOTA: Excelente para acompanhar carnes grelhadas e peixe.

Copiado integralmente do blogue do nosso compadre Nelson Banza,  http://nelson-banza.blogspot.pt/

sexta-feira, 30 de março de 2018

Refrigerantes Mirtilina





Vai uma Gasosa Mirtilina, compadres?
Estes refrigerantes foram produzidos durante os anos 50, 60 e 70 em Mértola e pelos comentários de quem os provou nesses tempos, eram mesmo muito bons...

Foto: Colecção particular ( Pedro Ferreira)
                                          http://garrafaspirogravadascomhistoria.blogspot.pt/

quinta-feira, 29 de março de 2018

quarta-feira, 28 de março de 2018

Olivais Intensivos? Não, Obrigado !...













Continuo a ter muita dificuldade em perceber como é possível, numa altura em que já nos questionamos com a quantidade de água potável disponível, como é possível, dizia, que se continue a invadir os solos do nosso concelho – e não só - com plantações de olival intensivo – ou será super-intensivo? – como se tal fosse a melhor coisa que nos pudesse acontecer. 
A caminho do Ervedal, os campos já apresentam o aspecto que as fotos captadas hoje nos mostram.
Será que não há nada a fazer para impedir a proliferação desta catástrofe anunciada?


Texto e fotos da autoria do nosso compadre Fernando Máximo.

terça-feira, 27 de março de 2018

Joaninhas






Cada vez se encontram menos Joaninhas nos campos do Alentejo.
Em muitos locais, as monoculturas intensivas de Olivais de crescimento rápido estão a destruir todo um eco-sistema complexo, envenenando as águas, as plantas e os animais nativos.
E os habitantes também...
Um estudo aprofundado sobre a evolução da saúde das populações afectadas por este novo descalabro no Alentejo seria muito oportuno.
Antes que seja tarde demais...

Do cancioneiro popular, recordamos uma antiga lengalenga antiga:

Joaninha voa voa
Que o teu pai foi a Lisboa
Com um saco de dinheiro
P'ra pagar ao sapateiro
Joaninha voa voa
Que o teu pai foi para Lisboa
Com um saco de farinha
Para ti, ó Joaninha,
Joaninha voa voa
Que o teu pai está em Lisboa
A tua mãe no moinho
A comer pão com toucinho.
Joaninha voa voa
Que o teu pai está em Lisboa
Com um rabinho de sardinha
Para comer, que mais não tinha...
Joaninha voa voa
Que o teu pai foi p'ra Lisboa
Voa, Joaninha voa
Qu'eu te darei pão e broa
Voa voa, Joaninha
Leva cartas p'ra Lisboa
Enfiadas numa linha.
Cancioneiro Popular Português.

segunda-feira, 26 de março de 2018

A Represa do Monte das Banhas já está na cota máxima...











A represa do Monte das Banhas situa-se a meia dúzia de quilómetros de Alcáçovas, na estrada que liga esta vila á aldeia de S. Catarina de Sitimos (Alcácer do Sal).
Trata-se dum sitio muito bom para observação de aves e embora seja privada, o acesso é permitido.

Depois de uma seca quase extrema, as últimas semanas de chuva deram novo alento a estes campos e esta pequena represa já está na sua cota máxima.

O Projeto Alcáçovas Outdoor disponibiliza guias locais para acompanharem pequenos grupos de eco-turistas nesta área do concelho de Viana do Alentejo.
Seja um dos nossos participantes, venha caminhar connosco !...

trilhosalentejanos@hotmail.com