"Beja querida" é o título de uma letra que ouvimos cantar, mais de uma vez, perto de Odivelas, aquando da construção da barragem homónima, há cerca de pouco mais de 40 anos.
Próximo do local de construção da barragem, nas imediações do estaleiro, surgiu espontaneamente, entre o escasso arvoredo, um acampamento disperso de gente que procurava emprego ou uma oportunidade de negócio, dando lugar a uma feira diária onde se vendia de tudo um pouco.
Se não havia poeira, havia lama, sem um meio-termo que se livrasse das duas. A terra era, por vezes, nos piores momentos, simultaneamente um braseiro e um dilúvio, secava na roupa e cortava os corpos, mas quase ninguém parava ou, aparentemente, se importava com as condições indignas da sua vida… a não ser quando um homem macilento tocava acordeão e cantava várias modas, principalmente a de Beja, então, ouviam-no atentos, em silêncio, fumavam um cigarro e bebiam um copo de vinho. Era um momento mágico em que a dura labuta deixava de existir. Alguns sorriam, nostálgicos; outros reprimiam as lágrimas. Uma voz clara e uns versos tão simples tinham afinal uma virtude, traziam-lhes liberdade, embora fosse uma liberdade poética.
O muro foi subindo, a barragem fez-se, o artista improvisado desapareceu do nosso olhar, mas não a letra que cantava com tanta paixão:
Beja querida
Só a ti eu quero bem
Beja querida
És o lar de minha mãe
Beja a mais linda
És a flor do meu desejo
Beja tão bela
A mais formosa do nosso Alentejo
Leonel Borrela, Beja 28 de Abril de 2006 in Diário do Alentejo
Próximo do local de construção da barragem, nas imediações do estaleiro, surgiu espontaneamente, entre o escasso arvoredo, um acampamento disperso de gente que procurava emprego ou uma oportunidade de negócio, dando lugar a uma feira diária onde se vendia de tudo um pouco.
Se não havia poeira, havia lama, sem um meio-termo que se livrasse das duas. A terra era, por vezes, nos piores momentos, simultaneamente um braseiro e um dilúvio, secava na roupa e cortava os corpos, mas quase ninguém parava ou, aparentemente, se importava com as condições indignas da sua vida… a não ser quando um homem macilento tocava acordeão e cantava várias modas, principalmente a de Beja, então, ouviam-no atentos, em silêncio, fumavam um cigarro e bebiam um copo de vinho. Era um momento mágico em que a dura labuta deixava de existir. Alguns sorriam, nostálgicos; outros reprimiam as lágrimas. Uma voz clara e uns versos tão simples tinham afinal uma virtude, traziam-lhes liberdade, embora fosse uma liberdade poética.
O muro foi subindo, a barragem fez-se, o artista improvisado desapareceu do nosso olhar, mas não a letra que cantava com tanta paixão:
Beja querida
Só a ti eu quero bem
Beja querida
És o lar de minha mãe
Beja a mais linda
És a flor do meu desejo
Beja tão bela
A mais formosa do nosso Alentejo
Leonel Borrela, Beja 28 de Abril de 2006 in Diário do Alentejo
Retirado do Blog: http://paxivlia.blogspot.pt/
Link para percurso na Barragem de Odivelas: http://pt.wikiloc.com/wikiloc/view.do?id=3895181
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