terça-feira, 9 de abril de 2019

Montes alentejanos





Os montes alentejanos são arrancados à terra, feitos de madeira, de argila na taipa e nos tijolos, de pedra.........
Todos voltam à terra, desaparecem lentamente na paisagem até só a memória ficar.


Fotos: Grupo Pedestrianista Alcáçovas Outdoor.
Texto: Luís Lobato de Faria






Quando se fala em Monte Alentejano, somos inevitavelmente remetidos para uma sensação de tranquilidade, sossego, descanso, harmonia mas, também, de isolamento. Na verdade, foi exactamente esse o príncipio que deu origem à estrutura conceptual do Monte Alentejano, tal como o conhecemos hoje. 

A sua história remonta ao séc VII a. C. e à presença dos Fenícios que, por terem na Península Ibérica uma base importante e estratégica na sua rota de comércio, exerciam sobre este território uma forte influência. 
À época, o conceito de Estado não existia – note-se que o conceito de Estado se refere a qualquer entidade com estrutura própria, politicamente organizada e com poder soberano para governar um povo dentro de uma área territorial perfeitamente delimitada. São poderes tradicionais do Estado o Poder Executivo, o Poder Legislativo e o Poder Judiciário, sendo que numa Nação o Estado o Estado desempenha funções políticas, sociais e económicas. – e foram os agrupamentos sucessivos e cada vez maiores de seres humanos que nos fizeram chegar a essa concepção.

Os Fenícios foram um dos primeiros povos a tentar implementar um conceito semelhante, onde as regras fossem similares entre os diferentes povos que coabitavam a região. Os grandes centros urbanos, por eles dominados, foram os primeiros locais a acolher e a implementar estas regras, o que levou a que uma boa parte dos seus habitantes - habituados a viver segundo as suas próprias normas - começassem a dispersar por todo o sudoeste peninsular, de modo a poderem viver segundo os seus próprios costumes. Por consequência, levavam consigo muito da influência Fenícia no que à construção e à estrutura habitacional dizia respeito.

Com uma história que ascendente os 2500 anos, o Monte Alentejano teve a sua maior influência na arquitetura mediterrânica, instituída, em grande parte, pelos Fenícios. É de realçar a privacidade de espaço como característica principal, situando-se a habitação no centro dos pátios, o que garantia a sua salvaguarda.


Contudo, a edificação do Monte Alentejano poderá também ser considerada uma ruptura conceptual, estrutural e arquitectónica para com as características predominantes nas habitações da época. Senão vejamos, com a dispersão dos grandes povoados, na parte final do século VII e no início da idade do Ferro, a realidade do cultivo, da força laboral e do conceito de família é transmitida para a construção, sendo abandonada a estrutura circular das pequenas cabanas, para abraçar uma nova realidade arquitectónica. 
Sendo já uma base da comunidade, a família torna-se igualmente base do trabalho e da organização estrutural, cultural e social.

Provenientes da região litoral, as técnicas de construção e da própria organização do espaço foram implementadas em determinadas zonas do interior, permitindo a criação de pequenas comunidades rurais auto-sustentáveis, predominantemente instaladas junto a linhas de água, por forma a reforçar o carácter agrícola e agro-pastoril das comunidades. 

Estudos arqueológicos indicam que estes antiquíssimos protótipos do Monte Alentejano seriam construídos em pedra e terra e seriam, tal como atualmente, pintados de branco. 

Texto: Rita Palma, 
https://hallpaxis.blogs.sapo.pt/

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