Há alguns anos atrás, era relativamente fácil ouvir, completamente ébrios de felicidade, jovens magalas que gritavam em plenos pulmões pelas ruas de Beja "Viva a Peluda, Viva a Peluda"...
Eu, quando era maçarico (jovem militar), ás vezes sonhava com a Peluda:
Umas vezes, imaginava a Peluda sendo uma mulher madura, de formas bem torneadas e membros pilosos, que nos acariciava nas longas e frias noites de sentinela. Outras vezes, gostava de imaginar que a Peluda era uma sardenta hippie de tranças e que eu viria a conhecer um dia. Ás vezes, a Peluda transformava-se num ser mítico, metade mulher, metade macaca, que me raptaria para o seu covil e todos pensariam que eu tinha desertado...
A gíria militar era pródiga em palavreado esquisito: " comer que nem um lateiro", "meter o chico" ou "passar á peluda" são exemplos disso mesmo.
Mas quem era afinal a Peluda?
Será que aproveitou a debandada geral e emigrou também?
Ou será que casou e é agora uma extremosa dona de casa, com filhos já grandinhos?
Bom, a "Peluda" era o termo utilizado para descrever o momento da disponibilidade, era quando um jovem deixava de ser militar...
Significava a liberdade total para se fazer o que se quisesse, dormir até tarde sem ter de ir para a formatura, sem ter de marchar, de ouvir o corneteiro, não ter de aturar o parvalhão do Cabo-Chico, do Sargento Lateiro ou do barrigudo do Oficial de Dia...
Em suma, era não ter de andar sempre fardado e borrifarmo-nos para a vida militar...
Agora que este País tem de obedecer a tanta norma, é caso para gritar novamente:
"Viva a Peluda !..."
Foto: Quartel de Beja, anos 70
Brasão do Regimento de Infantaria de Beja. (RI16)
Nota do Autor:
Este texto é uma singela homenagem a todos quantos serviram a Pátria e foram Soldados de Portugal. Porque todos nós, como numa Irmandade Fraterna, conhecemos, um dia, a Peluda...
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