sexta-feira, 13 de setembro de 2013

O Livro de Fiados

O LIVRO DOS FIADOS
O “Livro dos Fiados” era uma instituição que vigorava nas antigas mercearias, no tempo em que toda a gente tinha vergonha. Ou porque o chefe de família não tinha recebido ainda o magro salário ou por dificuldades económicas, eram registadas em livros estreitos e de capa negra, os avios que as carências da época não permitiam satisfazer imediatamente, mas que a honra de cada um avalizava que seriam pagas, o que infalivelmente era feito, no mais curto espaço de tempo possível.
OLHANDO PARA TRÁS
O capitalismo ou seja a ânsia de lucro fácil e o desrespeito pela condição humana, quer de consumidores, quer de funcionários, não tinha ainda inventado, nem os supermercados nem os hipermercados, os quais são templos de consumo aos incautos, que quando se aviam estão a trabalhar para o dono da grande superfície, que não lhes paga para isso. Muitos acabam por comprar o que não querem, já que não tiveram a disciplina de fazer um rol de compras, como a minha mãe, sensatamente fazia. E que dizer do desperdício que originam, com a parafernália de embalagens e sacos que lhes impingem, umas vezes dados, outras vezes comprados?
Nos anos cinquenta do século passado, as mercearias antigas eram os nossos templos do consumo possível e necessário. Então, a barriga dava horas, como, de resto, hoje dá, porque a barriga é um imparável relógio suíço. Contudo, nós éramos mais sensatos que muitos hoje são, pois as compras eram apenas para satisfação das necessidades inadiáveis e nunca para escape de frustrações acumuladas. Comprava-se com conta, peso e medida. E éramos felizes, muito mais que alguns são hoje, com todas as loucuras de consumo que cometem.
Oh que saudades que eu tenho das mercearias antigas!

Copiado do blog do compadre Hernâni Matos:
http://dotempodaoutrasenhora.blogspot.pt/

Para ler o restante texto, que recomendo vivamente por ser extremamente interessante:
 http://dotempodaoutrasenhora.blogspot.pt/2011/04/as-mercearias-antigas.HTML

Na foto: Drogaria Pajote, Rua do Relógio, Alcáçovas
 

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