Os alentejanos sempre tiveram pela oliveira um grande respeito, quase como uma veneração, cuidando dessa árvore como um verdadeiro património natural a deixar às gerações seguintes.
Noutros tempos era a oliveira que produzia a única gordura vegetal para a alimentação e era a principal fonte de iluminação, sendo o azeite utilizado para as candeias.
"A oliveira dá-nos azeitona, a azeitona dá-nos azeite, o azeite dá-nos candeia, saúde no
mal, gosto no prato " - Assim propinava uma velhinha à sombra padroeira de um olival
alentejano (Chaves, 1969).
As oliveiras eram varejadas, pelo rancho dos homens que trepava às árvores e lançava a azeitona por terra com as varas de castanho, seguia-se o rancho de mulheres que recolhia a azeitona bago a bago (Câmara, 1902).
Tantas vezes, nas ásperas manhãs de geada, as mãos roxas de frio e entorpecidas das apanhadeiras dificilmente apreendiam os negros e pequeninos frutos cobertos de cristais refulgentes de gelo, ou a chuva miúda que encharcava as roupas, sob um céu cor de chumbo prometedor de tempestade, a tarefa paciente prosseguia, e bago a bago se enchiam os cestos.
Mas havia alegria em todo este trabalho!
Quebravam a monotonia dos olivais, imprimiam-lhes cor, movimento, vida, os ranchos buliçosos de mulheres, as cantigas alegres, a policromia dos trajes…(Câmara, 1902).
No final, as promessas da adiafa, a grande festa com que terminavam as boas safras, faziam esquecer o trabalho penoso e finda a recolha da azeitona, os ranchos das apanhadeiras abandonavam os olivais. As oliveiras ficavam mudas e surdas com as saudades das suas azeitonas... (Chaves, 1969)
Já se acabou a azeitona,
já se ganhou o dinheiro:
dêem vivas ao patrão
e também ao "menajêro "!
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