Na villa romana de Tourega, conhecida desde o séc. XVI, encontram-se as maiores termas romanas existentes em Portugal.
A escavação deste local iniciou-se em 1985, em colaboração com o município, tendo sido interrompido o alargamento do antigo cemitério da Tourega.
Foram postas a descoberto 450 metros quadrados de umas termas duplas, talvez para separação de sexos, ou para separação entre senhores e empregados, uma vez que uma delas é bastante mais rica que a outra (não se sabe ao certo). Foram por diversas vezes remodeladas entre o início do séc. I e o início do séc. V.
Este equipamento constituído por tanques, fontes, fornalhas, condutas de aquecimento subterrâneo, salas de banhos quentes, mornos, piscinas de banhos frios, divisões destinadas a massagens, e por um grande tanque (25 x 5 metros), que servia de reservatório e piscina. Pertenceu a uma família senatorial romana, da qual se sabem os nomes, o que constitui, entre nós, um caso inédito. As termas deviam fazer parte de uma "villa" certamente luxuosa, que ainda não foi descoberta, mas que se localizará, perto desta área, e que foi abandonada em meados do séc. V, durante o período da invasão dos Vândalos. Nesta zona está localizada uma casa quinhentista em ruínas, algumas fontes e um cemitério cujas obras de aumento deram origem, há uma década, a escavações de emergência, a fim de salvaguardar restos romanos, aliás conhecidos desde o séc. XVI, existem referências de André de Resende à inscrição de uma lápide de mármore, de um metro de altura, que servia, na altura, de altar na igreja local; actualmente, o cenotáfio, encontra-se no Museu de Évora. Indica que foi mandado fazer por Calpúrnia Sabina, em memória ao seu marido Quinto Júlio Máximo, e de seus filhos, Claro e Nepuciano, encarregados do estado das estradas. Trata-se de uma família senatorial, talvez originária de Évora, e que teve cargos políticos em Roma. Os diversos achados constam, entre outros, de uma grande e curiosa chave, fíbulas, alfinetes de cabelo em osso, contas de colar em vidro e âmbar, moedas, cerâmicas romanas (importadas de Itália, Espanha, Sul de França e Norte de África).
Diversos pavimentos estão decorados com mosaicos; acharam-se, também, estuques pintados. Muito importante foi a descoberta de um estuque epigrafado onde se repete a palavra "CISSI" ("feito por CISSUS"), nome ligado a um escravo liberto, identificado talvez com o artesão que decorou a sala. Alguns especialistas estrangeiros têm colaborado com os técnicos portugueses, entre aqueles uma zooarqueóloga detectou além de numerosos ossos de ovelhas, cabras, porcos e aves, armações de veado, ossos de javali, de cavalo e até os restos de uma perna de cão assado, o que denota, eventualmente, condições de vida bastante precárias na última fase de ocupação.
Texto: https://www.e-cultura.pt/
Fotos: Grupo Pedestrianista Alcáçovas Outdoor
Sem comentários:
Enviar um comentário