Por todo o Alentejo é frequente encontrarmos bolos e doces cujos sabores estão vincados á região, uns de origem dita conventual, outros de origem incerta, do tipo "Já as minhas avós faziam assim.."
É o caso do Bolo Real, de Alcáçovas.
Após alguma pesquisa junto das doceiras, foi-nos indicado a mais experiente de todas, a Dª Maria Carolina Matado.
A atividade de doceira começou de forma curiosa: Tinha com o marido uma mercearia em Alcáçovas e o negócio não andaria a correr pelo melhor. Um dia fez um tabuleiro de queques para a filha levar de viagem, mas esta optou por não os levar e a Dª Carolina colocou-os á venda na sua mercearia. Vendeu-os todos e pensou que esta poderia ser uma forma de ajudar o negócio e assim foi.
Entretanto, terá ouvido falar do Bolo Real a algumas senhoras da vila e com dicas de uma e de outra lá se aventurou a fazer um Bolo Real, que é uma receita complexa. E tornou-se eximia na sua confeção...
Este bolo não é um doce conventual apesar do nome. É uma receita do Povo, que ia passando a receita de boca em boca. Como era um bolo muito caro normalmente era oferecido aos padrinhos de casamento pelos pais dos noivos, mas quase nunca era de grande tamanho...
Naquele tempo não havia fábricas de doçaria, mas quem se dedicava a este negócio tinha algumas miúdas fazendo os bolos e que também andavam pelas ruas com umas caixas de madeira penduradas ao pescoço com correias a vendê-los de porta em porta.
E quem os comprava eram geralmente as pessoas de maiores rendimentos.
Foto: Dª Maria Carolina Matado.
Texto retirado do livro: Tradição por Terras Dentro.
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