Até aos séculos XVIII/XIX, a utilidade das feiras, não dependia somente do factor económico, era também factor de aproximação das pessoas, separadas pelos seus lugarejos. De facto as feiras proporcionavam àqueles que estavam, grande parte do tempo isolados no seu canto e privados de uma vida social, o ponto de contacto com o resto do mundo.
A antiga Feira das Alcáçovas que se realizava, onde é hoje o Jardim Público, não diferia em quase nada do contexto atrás referido. Conhecida também pela “ Feira da Conversa”, em toda a primeira metade do século XX, este evento atingiu grande importância a nível regional e mesmo nacional. Vinham ourives do Norte e do Algarve vinham os feirantes vender alcofas. De Évora, vinha o Capadinho vender sapatos, e para tirar fotografias vinha o Sarmento, que chegava a estar nas Alcáçovas oito dias após a feira terminar. As barracas das farturas, ficavam ao lado da antiga Casa do Povo e as barracas de tiro, ficavam do lado de lá da antiga escola. Sempre com um concerto pela banda de música da Sociedade União Alcaçovense, o resto dos espectáculos ficavam a cargo da Companhia Rafael de Oliveira.
Já na segunda metade do século XX, toda a evolução que se assistiu nos meios de transportes, progresso das comunicações, a introdução dos plásticos, bem como outras novidades, foram factores mais que suficientes, para mudar os usos e costumes das comunidades rurais e a Feira de Alcáçovas não foi excepção. O tempo em que tudo era genuíno e em que os namoros eram feitos entre janelas e postigos, dificilmente voltará à Vila de Alcáçovas e com certeza mesmo, será impensável, a Feira de Alcáçovas voltar ao espaço do Jardim Público. No entanto toda a identidade e memória que caracteriza a população de Alcáçovas, não pode ser esquecida, correndo-se o risco de ser criada uma vila sem personalidade, sem história e sem alma. Nesse sentido é um dever que nos assiste a todos, continuar a valorizar este importante evento na Vila de Alcáçovas que já atravessou gerações, actualmente como Feira do Chocalho.
Sem comentários:
Enviar um comentário