AS TRÊS BICAS DA SENHORA D’AIRES
A poucos metros do Santuário de Nossa Senhora d’Aires encontra-se uma fonte de três bicas que, segundo a tradição, todos os peregrinos deverão beber água por um corcho, de cada uma das bicas, como voto de tornar àquele local. Atualmente tal atitude não é aconselhável já que a água que ali chega da nascente não é considerada de boa qualidade, tendo em tempos, até, provocado alguns incómodos a quem a bebeu.
Na frente da referida fonte, e por cima das bicas, está gravado um soneto que se diz ser de Domingos Coelho Reydonas, natural de Viana do Alentejo, e que foi juiz da Relação da Casa da Suplicação, que se lê assim:
Na frente da referida fonte, e por cima das bicas, está gravado um soneto que se diz ser de Domingos Coelho Reydonas, natural de Viana do Alentejo, e que foi juiz da Relação da Casa da Suplicação, que se lê assim:
“Sou por meu claro nome conhecida / aqui nesta aprazível soledade. / Dos godos trago minha antiguidade / e lembro-me de Espanha ser perdida. // Já chorei a Lusitânia destruída, / e de trevas coberta a cristandade / posto que aquela infausta e triste dade / deixou minha corrente reprimida. // Mas agora que gozo docemente / dos frescos ares da Divina Aurora / que se oculta a bárbaros indignos, // Festejo sua luz resplandecente / correndo em seu louvor clara e sonora: // bebei e dai-lhe graças, peregrinos.”
Muitos dos romeiros, embora aquela água se encontre hoje imprópria para consumo, cumprem à risca o soneto desse poeta-desembargador que ali deixou uma lição de história para a Eternidade.
Texto e fotos gentilmente cedidos pelo nosso compadre João Vieira.
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