Pessoas habituadas a comer o "pão que o Diabo amassou", os alentejanos estão a ser cercados na sua própria terra por gentalha sem respeito pelos seus costumes, pelos seus hábitos ou seja, pela sabedoria ancestral aqui existente.
Entristece-nos muito quando vemos o eco-sistema de Montado a ser substituído por enormes áreas onde só se vêem plantações de crescimento intensivo e as águas dos nossos poços a serem inquinadas por venenos oriundos dessas explorações, que se estão a infiltrar lentamente nos lençóis freáticos.
Doí-nos muito quando sabemos que aqui existe gente escrava, pessoas vindas de paragens tão longínquas como o Bangladesh ou a Moldávia para substituírem a mão de obra alentejana, porque esta agora pede direitos consagrados pela nossa Constituição, chama a atenção quando vê alguma coisa mal feita e pede para ser paga a tempo e horas..
Será que nós, habitantes do Alentejo, pessoas que aqui vivemos, trabalhamos, criamos os nossos filhos e que sofremos as agruras de povoar uma parcela de um Portugal esquecido, que temos de aturar elites citadinas endinheiradas que aqui vêm espairecer, mas que não nos resolvem os nossos grandes problemas sociais de sempre, tais como o crónico desemprego, a solidão das pequenas aldeias, a enorme desigualdade entre ricos e pobres, os péssimos cuidados de saúde, a inviabilidade dos pequenos negócios locais e a deficiente rede ferroviária, precisaremos de elementos de "outra estirpe social" para nos vir explorar, gozar com a nossa cara e ainda por cima, ser muitíssimo bem paga pelo suposto trabalho que faz em prol do progresso alentejano ?
O que ganhamos afinal com esta gente ?
O que ganhamos afinal com esta gente ?
" Não hão-de tardar muito, afianço-te, a dar cabo deste vale fértil e a transformá-lo num inferno.
É isso a que chamam progresso...
Nunca ouviste essa palavra?
Pois fica a saber que quando alguém te falar de progresso, é porque quer escravizar-te... "
Albert Cossery ( 1913-2008 )
Fotos: Arquivo Digital " Memórias ancestrais alentejanas" ( Colecção Digital de fotos antigas da Associação dos Amigos das Alcáçovas, autores desconhecidos )
Subscrevo e aplaudo.
ResponderEliminarObrigado pelo comentário e apoio, Maria das Dores...
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