A meio da manhã o sol de Inverno perde a timidez para contentamento de todos. O frio dá tréguas e os dedos conseguem agora encontrar com menos custo o fruto negro por entre as ervas. Com uma vara chega-se aos locais mais difíceis da oliveira. Fica-se a fazer o rebusco enquanto a azeitona é junta no toldo e é escorrida para dentro de uma saca. Novos e velhos, avós e netos, pais e filhos estão juntos nesta tarefa tantas vezes familiar, permitindo que a actividade seja transmitida através de gerações.
Depois da azeitona varejada, apanhada e ensacada é necessário separa-la da folha. Resistindo às modernas máquinas criadas para esse efeito, as erguedeiras, ainda há quem mantenha a tradição e conte com a ajuda da mãe natureza para esse processo. Estende-se a roupa em terreno aberto, despeja-se a azeitona num monte num extremo e com o recurso a uma pá lança-se a azeitona para o lado oposto. Este processo é realizado contra o vento, o que faz com que a azeitona caia nos toldos mais à frente e a folha, mais leve, fique a meio caminho. Agarra-se novamente nas pontas da roupa para juntar a azeitona e volta-se a ensacar mas agora limpa de folhas. Está agora pronta para ser transportada para o lagar. No terreno finaliza-se a actividade queimando a rama que resulta da poda, essencial para o controlo e saúde da própria árvore. Ao entrar no lagar encontramos maquinaria estranha que funciona apenas nesta altura do ano, muitos trabalhadores e uma temperatura muito superior à do exterior. Uma vez ali, a azeitona sofre um processo que a transforma no líquido dourado e saudável que vai figurar nas mesas portuguesas durante todo o ano, até à próxima vareja.
Texto e fotos gentilmente cedidas pelo compadre Bruno Andrade, copiadas do seu blog http://portugalatp.blogspot.pt/
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