sábado, 11 de outubro de 2014

Que bela banhoca com água do poço...


Que belas banhocas eu tomava na casa dos arrumos dos meus avós. Ainda hoje, não existe chuveiro, jacuzzi ou poliban que consiga chegar aos calcanhares da minha velha banheira de latão, bem cheia com água vinda do poço do quintal, sábiamente aquecida em panela de ferro no lume de chão que a minha avó Ilda nunca deixava apagar...
E como a casa de arrumos dava diretamente para o dito quintal e a porta estava sempre aberta, ás vezes também tinha a companhia das galinhas que, livremente, vinham visitar-me ao banho e aproveitando o facto de eu estar ali muito sossegadinho, sempre iam debicando algum grãozito caído das sacas de milho empilhadas mesmo ali ao lado...
Alcáçovas fica implantada por cima dum enorme lençol freático no subsolo e quase todos os quintais que se prezassem tinham um poço e os maiores poços até tinham direito a uma Nora, para mim das melhores invenções que os Mouros trouxeram para a Peninsula Ibérica...
Os poços serviam para extrair água para regar, para lavar roupa, para beber. Mas também serviam para conservar  os alimentos e garrafas de bebidas á temperatura certa no Verão, bastava metê-los num cesto de verga e pendurá-los lá dentro...
A casa dos meus avós não tinha, naquele tempo, água canalizada. Não era preciso, os velhotes sempre se governaram com o que tinham á mão. E ter água canalizada era um luxo que não fazia parte dos seus desejos...
 
O poço, coberto de avencas, ainda hoje existe e embora seja povoado de peixes vermelhos (daqueles que se compram para os aquários, uma recente excentricidade minha), eu tenho muito prazer em continuar a beber daquela água fresquinha, pois tenho a certeza que o que não me matar, vai tornar-me mais forte... 

Nota- A foto não é minha, embora o puto se pareça muito comigo quando eu tinha aquela idade. Retirei-a do blog   http://memoriacomhistoria.blogspot.pt/.

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