sábado, 21 de novembro de 2015
Oh Beja, terrivel Beja...
"Oh Beja, terrível Beja
Beja da minha desgraça
Eram três horas da tarde
Quando lá assentei praça"
Deram-me a guia de marcha
Para o comboio apanhar
Vou p´rá tropa, e não queria
Vou p´rá vida militar
Adeus terra, adeus amigos
Não sei para que guerra vou
Dizem que lá me faço homem
Não os entendo, já sou
Senhor Alferes, capitão
Mas que ofício tão ruim
Não fazem crescer um grão
Esmagam o alecrim
Obrigam-me a marcar passo
É contra a minha vontade
Só quero as guerras que faço
P´ra guardar a liberdade
Letra da canção de Vitorino : "Oh Beja, terrivel Beja", album: "Os Malteses".
Vitorino nasceu numa família de músicos, no Redondo. Desde que nasceu que ouvia música em sua casa, tocada pelos seus tios, tendo sido sempre neste ambiente que cresceu, bem como os seus quatro irmãos, todos igualmente músicos. Vitorino é o terceiro dos cinco; o cantor Janita Salomé é o quarto.
Conheceu Zeca Afonso, de quem se tornou amigo, quando estava a fazer a recruta no Algarve. Fixou-se em Lisboa a partir dos 20 anos, onde se associou à noite, às tertúlias e aos prazeres boémios. Em 1968 entrou para o Curso de Belas Artes, mas já antes disso tinha começado a pintar.
Emigrado em França, estudou pintura e, para sobreviver, lavou pratos em restaurantes. Foi aqui que um amigo lhe disse que se ganhava mais a cantar na rua ou no metro do que a lavar pratos. Experimentou: era verdade. Largou os pratos e agarrou na guitarra.
Também em Paris se juntou, entre outros, com Sérgio Godinho e José Mário Branco, igualmente emigrados.
Colaborou em discos de José Afonso, Coro dos Tribunais, e Fausto. Actuou no célebre concerto de Março de 1974, I Encontro da Canção Portuguesa, que decorreu no Coliseu dos Recreios. Lançou nesse ano o seu primeiro single: Morra Quem Não Tem Amores.
Participou no disco Cantigas de Ida e Volta conjuntamente com outros nomes como Fausto, Sheila e Sérgio Godinho.
Em 1975, estreou com o seu primeiro disco que incluía uma das canções mais importantes do imaginário português: “Menina estás à janela”. No álbum Semear Salsa ao Reguinho aparecem ainda canções como “Cantiga d'um Marginal do séc. XIX”, “A primavera do Outono”, “Cantiga de Uma Greve de Verão” e “Morra Quem Não Tem Amores”.
Em 1977 foi editado o disco Os Malteses que inclui “Oh Beja, Terrível Beja”, uma evocação ao tempo em que cumpriu o serviço militar obrigatório naquela cidade. Vitorino foi também o produtor do disco Ó Rama Ó Que Linda Rama de Teresa Silva Carvalho, editado nesse ano.
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