Mais um passo, no calor daquela vegetação emaranhada, não dou e dou, porque quero dar, porque quero caminhar, porque quero ver e percorrer e saber, quero responder à minha ânsia de conhecer, o que irei encontrar no meio dessa vegetação, perguntas se farão, respostas, mais uma vez, ficarão, incógnitas escritas no ar, levadas pelo vento que abana os finos e delicados caules dessas gramíneas, num bailado tão antigo e milenar que é retratado nos mais lindos filmes e histórias com finais que sabemos ser felizes. E me deixa, o sabor do campo, e o campestre na mente, porque aquilo que ela sente, estará guardado outra vez na sua mente. Mais outro passo darei, mas oiço o restolhar desses caules secos por baixo da minha sola, aquele barulho crocante com sabor a verão, que vai por certo embalar a mente do senhor ou senhora leitor(a), sobretudo aqueles que se dão mal com este frio propício da época, e ambicionam pela época estival!
O som dos passos pelo trilho, e só os matos, agrestes, e tu onde estivestes, a olhar para a secura desse prado e desse campo, quente no encanto, pedra sobre pedra, que espreita e se destaca, visivelmente em tal prado, sobre as ervas balouçantes. Tantas e tantas vezes, abanadas por esses ventos intemporalmente, desde a formação e o nascimento, e no decorrer dos dias e noites, e na passagem lenta e calma do próprio tempo, omnipresente mas invisível. Calmaria nesse prado, se o vento ou a brisa cessam ou repousam, silêncio... Silêncio e calma...
Mas se eu disser que estou a suar em bica vai parecer desajustado a esta época outonal, mas mantenho-me fiel à ordem do texto e prossigo, olhando para o sol tórrido, apertando as pálpebras sensíveis, e com esforço prosseguir pelo ambiente quente e o equipamento colado ao corpo, é tudo aquilo que me move, e que me ajuda a registar fisica e psicologicamente a emoção da natureza...
E vocês perguntam, porque sou assim, o porquê de frases sem sentido, o porquê da mistura da poesia com a interpretação de uma imagem natural.. A explicação tem várias respostas, e a autenticidade é uma delas... Compreender que faço parte de um mundo maravilhoso e interligado é outra, é outra que uma boa parte dos seres humanos se esquece e se remete ao individualismo, quando na verdade, somos seres de comunhão conjunta, seres familiares, seres de grupo e outros tantos, mas para mim, que sempre me aventuro em lugares remotos, com a solidão como sombra e a terra e o céu como porto de abrigo, só dessa maneira poderia transparecer um pouco das emoções, um pouco de uma perspeiva imparcial da vida, do mundo que é o nosso, e da vida selvagem. Estudar um comportamento de um animal às vezes não faz sentido, porque é algo que fica ali estagnado no bloco de notas, enquanto que esse comportamento é mutável e não se repete de forma simétrica. Fica gravado em minha mente como uma experiência, mas mais detalhado em vídeo,... Tudo isto para dizer, que se não vivermos as nossas próprias vidas somos meros espetadores dessa vida selvagem, que evolui, que é mutável, por razões óbvias, claro. Somos quase sempre uns empecilhos, fora da sua zona de conforto ,que das duas uma, ou nos submetemos às dificuldades da presença nos espaços bravios ou nos deixamos levar nas aventuras e nas descobertas. Quem já deu por si a caminhar por um trilho de cabeça erguida olhando para a frente, num compasso monótono de passo a passo, com os pensamentos da vida urbana sempre presentes.. Que é feito da aventura e do recolher de experiências?. Não vamos utilizar esses espaços, vamos antes desfrutar, aprender e cuidar. Mas se não souberes os nomes científicos, não importa, não deixas de ver espécies se não os souberes, não deixas de aprender comportamentos , não deixas de encontrar maravilhas. Embrenha-te e parte sem medos à descoberta!
Mas este texto tão breve e delicado, esquece tanto por dizer, que só eu, tu e vós, poderão aprender, juntar, acumular e entranhar. Em todo e qualquer ambiente terrestre marinho ou aquático, uma míriade de tudo, de tudo que mal cabe nas nossas breves e curtas vidas. Da mais grandiosa herança que nos foi dada: a natureza!
by Rui Faria
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