Na sua actual tipologia, o castelo apresenta a forma de um paralelograma envolvido por cinco torres semicirculares e quatro cubelos – a décima torre foi destruída em 1796, quando se reedificou a igreja matriz – que pertenciam a um conjunto de doze, cujas denominações eram as seguintes: torre de S. Brás, Torre do Sol, Torre Meã, Torre do Mar (também denominada Torre da Atalaia e de S. Torpes), Torre de Sines, Torre do Homem Morto ou do Dependurado, Torre do Rei (também chamada Torre Real), Torre da Vila e Torre do Anjo. Por outro lado, o pano de muralha conserva ainda vestígios da construção islâmica ou, reutiliza materiais líticos da antiga urbs de Miróbriga, que podem ser detectados em partes de muro do perímetro amuralhado, sem esquecer, no entanto, as várias estelas medievais insculpidas e esculpidas, localizadas nos cunhais dos dois últimos cubelos (sudoeste e sul) da muralha.
O acesso ao interior da fortaleza fazia-se, até ao final do século XVIII, por uma porta situada na zona onde foi reedificada a igreja matriz, abertura onde estavam colocados – da direita para a esquerda – o “…habito de Sanct-Yago conchado; … o escudo das armas portuguesas, sobresahidas as quatro pontas da cruz de Aviz, como se usou no tempo de D. João I; e … um escudo com seis fachas, três ao comprido e três ao largo” – e, simultaneamente, por uma outra porta, a única subsistente, onde se pode observar um conjunto brasonado que ostenta a cruz da bandeira ou estandarte da Ordem de Santiago, a cruz espatária e um escudo de cavaleiro com as cinco quinas do reino.
O interior do castelo é dominado pelas ruínas do antigo espaço da alcaidaria ou alcaçar, a residdencia do comendador ou alcaide da Ordem de Santiago, construção com origem nos séculos XIII/XIV e que foi remodelada nos séculos XV/XVI.
Segundo a descrição oitocentista de padre Macedo e Silva, as casas do comendador “… tinham a sua entrada no interior do castello, por uma porta de cantaria, muito forte, de 10 palmos de grossura, dando para um pateo de 24 passos de comprimento e 15 delargura, e tendo no meio uma espaçosa cisterna. As paredes externas deste alcaçar são ameadas, e as do lado oriental tem 40 palmos de altura; n’esta estão duas poternas, que foram tapadas há poucos annos.
Por um balcão de dois lanços de escadas, situado no fundo do pateo, se subia para as casas, que constavam de oito grandes salas de aboboda, com janellas nas suas três faces parao pateo, e algumas para a muralha do lado da villa. A ultima sala á esquerda, entrando n’este alcaçar, communicava com a torre de menagem ou albarrãa, de 98 palmos de altura, comduas cobertas, e por cima um terraço, d’onde se gozava o horizonte mais dilatado e magnifico de todo o Alentejo. Para a parte da villa lhe serviam de cantoneiras os dois baluartes da muralha, em um dos quaes esteve o relógio, que depois se mudou para uma torre que para esse fim se fez na villa, no anno de 1667”.
A partir de inícios do século XVI, o castelo começa a perder a antiga função defensiva para que fora dotado, facto que acelerou a sua degradação. Em 1605 este já não era habitado, o que o degradava ainda mais, circunstância que levou a que no ano de 1700 já se encontrasse em adiantado estado de ruína. Desta maneira, em 1838, a Câmara Municipal escolheu o seu interior para receber o cemitério municipal.
A partir dos anos 30 do século XX o castelo sofreu grandes restauros efectuados pela Direcção dos Serviços dos Monumentos Nacionais. Estas mesmas proporcionaram-lhe a actual configuração.
Está classificado como Monumento Nacional pelo Decreto de 16/06/1910, com a delimitação da zona de protecção, publicada no D. G., 2ª ser., nº265 de 15/11/49
“Arquitectura militar, gótica e revivalista. Castelo de montanha, trapezoidal, com barbacã muito baixa e panos de muralha rectilíneos reforçados por cubelos circulares e quadrangulares, provido de alcáçova com vãos quebrados e em asa-de-cesto e uma cisterna abobadada.
Castelo de planta trapezoidal irregular, com cortinas reforçadas em redor por 4 cubelos quadrangulares e 5 circulares, circundado por barbacã baixa que acompanha em denteados rectangulares salientes os corpos dos cubelos, apenas se interrompendo no canto SO., S. e SE. onde se implanta a Igreja, uma porta na ligação a esta. Pelas faces internas da barbacã e das muralhas correm os respectivos adarves protegidos por merlões paralelepipédicos, alternadamente vazados por pequenas seteiras, e os cubelos são providos de terraços. Do lado E. a cortina central é vazada por uma janela de duplo arco quebrado e outra de arco rebaixado, ambas de molduras facetadas, pertencentes à alcáçova. A entrada faz-se por porta única em arco quebrado rasgada a E., à dir. da Igreja, encimada por duas pedras de armas: a da esq. com duas insígnias da Ordem de Santiago da Espada (uma cruz com vieiras e uma espada) e a da dir. com brasão real de Portugal Antigo; ao lado dir. da porta uma lápide epigrafada comemorativa dos centenários. O interior do recinto é ocupado pelo cemitério, com talhões divididos por sebes de buxo e parcialmente arborizado com ciprestes, uma pequena capela rectangular e um edifício baixo, longitudinal, de serviços administrativos, arrumos e sanitários. A E. localizam-se as ruínas da alcáçova, de planta trapezoidal irregular, composta por parte dos muros mestres com porta em arco rebaixado a O., um cubelo circular a NO., algumas paredes divisórias, e um pátio central com cisterna de poço quadrangular com ferragens.”
Texto e fotos copiados.
Agradecimentos: José Esteves, https://www.facebook.com/groups/631786587160494/
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