Nunca vi tanto chocalho junto! Foi preciso vir à antiga oficina do Sr. João Chibeles Penetra, "industrial chocalheiro", na vila de Alcáçovas.
São cerca de 3 000! Todos parecidos mas todos diferentes: no tamanho, na espessura da chapa, nas marcas gravadas, nas cintas e fivelas, nos "cágados" de madeira (antepassados das fivelas), na côr, no ano de fabrico. Só mestre João percebe a ciência dos chocalhos. Passou muitas horas no banco ou na forja, calejou as mãos nas tesouras de metal, nas sovelas, nas grosas, nas serras.
Vai nos 80 e muitos, mas anda por ali muito direito, a explicar o que só ele sabe. Não gosta que os visitantes toquem nos chocalhos, "para tocar têm de estar pendurados nas reses, para isso serviam", afugentavam os animais predadores das capoeiras- raposas, saca-rabos, doninhas - e ajudavam a localizar os que se afastavam dos rebanhos ou das manadas. Continua a explicar:
"Hoje já pouco se usam os chocalhos, as propriedades estão todas aramadas e o pastoreio é muito diferente."
Quando o sr. João já não puder abrir a porta do museu, alguém há-de tratar disso - talvez o filho, bancário na vila, apreciador da obra cultural do pai, valiosa pela preservação das memórias de outros tempos. Há que renovar a apresentação, enriquecendo-a com depoimentos gravados em som e imagem, para que não se perca a História da vida rural no Alentejo.
Sr. João, vamos tirar um boneco para a posteridade?
São cerca de 3 000! Todos parecidos mas todos diferentes: no tamanho, na espessura da chapa, nas marcas gravadas, nas cintas e fivelas, nos "cágados" de madeira (antepassados das fivelas), na côr, no ano de fabrico. Só mestre João percebe a ciência dos chocalhos. Passou muitas horas no banco ou na forja, calejou as mãos nas tesouras de metal, nas sovelas, nas grosas, nas serras.
Vai nos 80 e muitos, mas anda por ali muito direito, a explicar o que só ele sabe. Não gosta que os visitantes toquem nos chocalhos, "para tocar têm de estar pendurados nas reses, para isso serviam", afugentavam os animais predadores das capoeiras- raposas, saca-rabos, doninhas - e ajudavam a localizar os que se afastavam dos rebanhos ou das manadas. Continua a explicar:
"Hoje já pouco se usam os chocalhos, as propriedades estão todas aramadas e o pastoreio é muito diferente."
Quando o sr. João já não puder abrir a porta do museu, alguém há-de tratar disso - talvez o filho, bancário na vila, apreciador da obra cultural do pai, valiosa pela preservação das memórias de outros tempos. Há que renovar a apresentação, enriquecendo-a com depoimentos gravados em som e imagem, para que não se perca a História da vida rural no Alentejo.
Sr. João, vamos tirar um boneco para a posteridade?
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